Cinema

O videogame do Paul McCartney

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Quando se fala em videogames fracassados, possivelmente o primeiro exemplo que aparece na mente de qualquer pessoa que entenda 10% do assunto é “ET – O Extraterrestre”. O jogo foi bolado, fabricado e lançado às pressas em dezembro de 1982 para aproveitar o sucesso do filme dirigido por Steven Spielberg, e desagradou todo mundo. Foi um fracasso que matou bastante a Atari de vergonha – se você tiver alguma dúvida a respeito disso, vá ao Google e digite “ET + cemitério + Atari” e veja o que aparece.

Agora imagina o que não sobra para um game baseado num filme que foi um grande abacaxi assim que estreou. “Give my regards to broad street”, filme escrito e estrelado por Paul McCartney saiu em outubro de 1984, comemorando 20 anos do primeiro filme dos Beatles, “Os reis do iê-iê-iê”. O roteiro, considerado uma viagem na maionese até por alguns fãs mais empedernidos de Paul, falava sobre o desaparecimento de uma fita com gravações que seriam usadas em um novo disco do ex-beatle. O suspeito do roubo é um funcionário do estúdio, igualmente sumido.

No filme, Paul interpreta a si próprio, assim como sua esposa Linda e o ex-beatle Ringo Starr, que tocou na trilha sonora – muito a contragosto, por sinal, pois temia comparações entre seu desempenho em 1984 e vinte anos antes, já que entre as músicas havia antigos sucessos dos Beatles misturados a inéditas. Barbara Bach, esposa de Ringo, fazia uma jornalista que entrevistaria Paul. No geral, um clipão tamanho-uber-maxi-super-família que costurava apresentações musicais em meio a um enredo sequelado. Vale dizer que Paul, então recentemente chegado aos 40 anos, tinha resolvido fazer tudo o que não havia feito antes na vida – e isso incluía pintar quadros e dirigir filmes, como ele explicou nesse papo aqui, ao jornalista americano Roger Ebert.

E sim, o projeto de Paul – multimídia e bastante avançadinho para a época – incluía filme, disco (com arranjo e produção de George Martin) e… videogame. “Give my regards to Broad Street” foi feito pela divisão de tecnologia da Argus Press e lançado para ser usado no popularíssimo computador Commodore 64.

O portal Retrogaming liquida a fatura explicando que “o grande problema do game é que, pra começo de conversa, ninguém gostou de ‘Give my regards…’ além do próprio Paul”. O fã de Paul que comprava o game precisava reunir todos os integrantes da banda do cantor a tempo de gravar a sessão perdida do hit “No more lonely nights”, no estúdio Abbey Road – e para isso, seguia Paul e seu Fusca pelas ruas vazias (!) de Londres atrás de todos os músicos.

Opa, “No more lonely nights”? Sim, o hit de Paul, que tocou até não poder mais no rádio em 1984, fazia parte dessa trilha sonora. E trazia como atrações especiais David Gilmour, do Pink Floyd, na guitarra solo, e Herbie Flowers, baixista de “Space oddity” (David Bowie) e “Walk on the wild side” (Lou Reed), no baixo. Olha o clipe aí, cheio de trechos do filme.

Se você ama “Band on the run”, uma notícia boa é que todo o game tinha como trilha sonora uma versão ininterrupta da canção, em midi. Esse vídeo traz trechos do jogo.

Não foi o único envolvimento do ex-beatle com a indústria de videogames, já que 30 anos depois de “Give my regards…”, ele fez a trilha do game “Destiny” e ainda criou um dos personagens do jogo.

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