Cultura Pop

O disco punk de Alvin e os Esquilos

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Durante a semana, rolou pelo Twitter uma maquiagem bizarra que alguém fez no disco de 1980 de Alvin e Os Esquilos. A pessoa pegou o disco, digitalizou e reduziu a velocidade (16 rotações por minuto, enfim) até parecer a voz de um cara bem baixo astral cantando. O resultado ficou, digamos assim, extremamente gótico – a ponto de parecer Ian Curtis (Joy Division), Nik Fiend (Alien Sex Fiend) ou Paul Banks (Interpol) nos vocais

Pega aí melhor o vídeo.

Mais gente comentando.

Bom, na real o tal disco de Alvin e Os Esquilos que o cara reduziu a velocidade é uma apanhado de várias músicas gravadas por eles, não um disco inteiro. Mas o tal disco de 1980 tem história. Para começar, é o disco punk da turminha, Chipmunk punk, lançado em 1980. E que inclusive saiu no Brasil.

Em segundo lugar, foi o primeiro álbum lançado pelos personagens (Chipmunks, no original) desde 1969, quando saiu The Chipmunks goes to the movies. Em 1972, Ross Bagdasarian, criador de Alvin e Os Esquilos (e conhecido pelo codinome David Seville, único personagem humano da série), morreu de ataque cardíaco. Desde então, o programa de TV havia ficado na inatividade.

Em 1979, novidade no front dos roedores: a série de desenhos animados passou a ser reprisada nas manhãs de sábado, o que já garantiu novos fãs. Quase na mesma época, um DJ de Los Angeles chamado Chuck Taylor resolveu tocar a versão 12 polegadas de Call me, do Blondie, em seu programa de rádio – mas aumentou bastante a velocidade e disse que eram os Chipmunks cantando a música.

Ross Bagdasarian Jr, filho do criador da série, ouviu a tal versão, e descobriu que havia até mesmo ouvintes do programa telefonando para descobrir onde comprar o disco. Não pensou duas vezes: mandou fazer uma releitura com voz de esquilo de Call me. Aliás, mandou fazer o mesmo com outros sucessos de rock da época. E pôs nas lojas, em 15 de junho de 1980, a tal versão punk dos Chipmunks.

Bom, quase punk: Chipmunk punk tem pouca coisa que possa minimamente ser chamada de “punk”. Tem os esquilinhos cantando The Knack (Good girls don’t), The Cars (Let’s go) e Blondie em fase quase-disco. Mas por outro lado tem também os esquilinhos cantando Queen (Crazy litthe thing called love) e Tom Petty (Refugee).

Chipmunk punk foi lançado por um selo chamado Excelsior – que por uma coincidência dessas da vida era um selinho que pertencia à Pickwick, aquela mesma gravadora que, no anos 1960, teve Lou Reed contratado como compositor. E que lançou em 1964 aquele single The ostrich, creditado ao grupo-de-proveta The Primitives, que incluía Lou e John Cale, futuros criadores do Velvet Underground.

Anos depois, o disco punk dos esquilos saiu até em CD, só que com a ordem das faixas trocada. O tal vídeo em que diminuem a velocidade das músicas usou a versão em compact disc como fonte, tanto que começa com Call me, primeira do lado B no vinil. O sucesso do Chipmunk punk acabou fazendo os esquilos voltarem à mídia e logo depois saiu Urban Chipmunk (1981), que apesar do nome era o disco country (!) de Alvin e Os Esquilos. Esse disco saiu pela RCA Nashville. E – se você tiver muita curiosidade – está inteiro no YouTube.

Ah sim, alguém com muito tempo livre fez uma versão de Institutionalized, do Suicidal Tendencies, “feita” por Alvin  e Os Esquilos. Essa versão não estava no disco punk dos esquilos, claro.

Agradecimentos a Lia Amâncio..

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