Cultura Pop
O disco do OK Go do qual ninguém lembra
Existe um ditado que costuma ser repetido sobre a banda norte-americana OK Go: todo mundo viu os clipes, mas ninguém ouviu os discos. Provavelmente não é verdade, já que a banda tem um número considerável de ouvintes – só no Spotify são mais de 1.500.000 mensais. Mas bem antes de existir Tik Tok (como algumas pessoas inclusive já apontaram), os clipes-com-danças-estranhas do quarteto já arrebanhavam fãs e atraíam crianças para a base de admiradores do grupo. Se você não se recorda, esse aí é o de Here it goes again, aquele das esteiras.
Revisitar a música e a estética do OK Go, vamos lá, é recordar de um passado não lá muito distante, mas que parece que já faz uns 200 anos – a tecnologia era outra, o universo era outro, as perspectivas de “hit” e de “clipe” eram bem diferentes, sua relação com música era bem diferente, a relação que você fazia entre música e tecnologia era totalmente diferente da dos dias de hoje.
Ah sim: muito provavelmente, lá pra 2006, 2007, você deve ter sido avisado por intermédio do MSN ou do Gtalk que havia uma banda muito maluca que tinha feito um clipe com gracinhas na esteira. Detalhe: apesar de ser tentador ver no grupo hoje formado por Damian Kulash (vocais, guitarra), Tim Nordwind (baixo), Dan Konopka (bateria) e Andy Ross (guitarra, teclados) um precursor das redes sociais de vídeo, uma consulta rápida ao site do OK Go revela que o quarteto… não tem Tik Tok, ou pelo menos não faz questão de divulgá-lo. Há uma conta atribuída à banda na rede de vídeos, que não é atualizada desde dezembro e tem poucos seguidores. O grupo tem uma conta na rede russa VK e ainda mantêm um Tumblr (que não é atualizado há dois anos). O Instagram deles é mais movimentado e foi atualizado há poucas horas.
E uma curiosidade a respeito do OK Go é que a banda tem um disco que, tudo considerado, vá lá, é uma raridade – e é merece atenção. You’re not alone, lançado pela Capitol em 5 de fevereiro de 2008, é um EP gravado com o Bonerama, uma banda de metais de Nova Orleans. O disco foi gravado para arrecadar dinheiro para os músicos da região que haviam perdido suas casas por causa do Furacão Katrina – em especial a lenda viva da área Al “Carnival Time” Johnson, que inclusive canta na última faixa do disco, um cover de I shall be released, de Bob Dylan.
O repertório do EP é aberto por mais uma cover, a de Rock and roll suicide, de David Bowie, e é complementado por releituras de faixas do segundo disco do OK Go, OK No, de 2005: A million ways, Oh lately it’s so quiet e It’s a disaster. You’re not alone não está nem nas plataformas, mas o Bonerama jogou o disco no Bandcamp. Pega aí (pauta roubada de Giancarlo Rufatto)