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Tragédias e ideias de jerico: o Balloonfest, em Cleveland, em 1986
Piadas e autozoações com a cidade de Cleveland (em Ohio, nos Estados Unidos) sempre foram comuns. O roqueiro britânico Ian Hunter, fã da localidade, chegou a ponderar a respeito – e compôs Cleveland rocks, indignado com o fato de Los Angeles e Nova York serem cool e restar a fama de caipirona para Cleveland. Em 1986, no entanto, essas piadas ganharam o status de… bom, digamos que as definições ligadas à expressão “pagou para vacilar” foram atualizadas.
Como assim? Bom, em 27 de setembro daquele ano a cidade, disposta a mostrar que era tão cool quanto qualquer outro canto valorizado dos EUA, patrocinou um evento bizarro, o Balloonfest. A ideia poderia não chocar tanto assim em 1986, mas hoje parece absurda. Cerca de um milhão e meio de balões de gás seriam soltos simultaneamente, com a ideia de colocar a cidade no Guinness Book.
Não custa lembrar que não foi algo feito da noite para o dia. O festival foi preparado durante seis meses pela empresa Balloonart, que funcionava em Los Angeles. Patrocinadores foram encontrados, moradores venderam balões pelas ruas. E, nos meses anteriores à festa, dois mil e quinhentos estudantes e voluntários gastaram as mãos enchendo balões de gás hélio. A ideia original era que dois milhões de balões fossem soltos. Mas a ideia – que já era de jerico de qualquer jeito – se mostrou impraticável.
O resultado? Bom, você acompanha no vídeo acima. Um cara chamado Nathan Truesdell fez um documentário em curta-metragem misturando reportagens da época, mostrando que a festa se transformou no mais bizarro desastre.
A começar porque os balões acabaram atrapalhando o tráfego aéreo dos Estados Unidos (lógico). Ameaçava uma tempestade no dia do evento, e os balões chocaram-se com uma frente fria, o que fez com que boa parte deles caísse no Lago Erie, que divide os EUA e o Canadá (e quase todos caíram na parte canadense).
Teve coisa pior. Em meio à comemoração da Baloonfest, a Guarda Costeira local suava para conseguir achar os corpos de dois pescadores desaparecidos. Só que, de helicóptero, era impossível localizar qualquer coisa no mar, justamente por causa dos balões que boiavam. A esposa de um dos pescadores processou a prefeitura.
Vale assistir, para todo mundo ver que não é só no Brasil que as pessoas têm ideias bizarras e estranhas. E abaixo, você pega Cleveland rocks, o clássico de Ian Hunter.
A propósito: o tal recorde que a cidade queria bater em 1986 pertencia à festa de trinta anos da Disneylândia (1,2 milhões de balões no ar em 1985).
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