Crítica
Ouvimos: Nao – “Jupiter”
RESENHA: Quarto disco de Nao, Jupiter mistura soul, r&b, pós-disco e dream pop em um retorno vibrante após tempos difíceis.
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Tá aí um disco que lamentavelmente demoramos para ouvir. Nao é o nome artístico de Neo Jessica Joshua, cantora, compositora e produtora londrina nascida poucos dias antes do natal de 1987. Seu currículo inclui estudos de jazz vocal, uma passagem de seis anos pelo grupo feminino de canto a cappella The Boxettes e jobs como vocalista de apoio na carreira solo de Jarvis Cocker (Pulp).
Jupiter já é o quarto disco de Nao e, à primeira vista, por causa do título, soa como um desdobramento de seu segundo álbum, Saturn (2018). Na real, indica um retorno feliz após um período difícil, em que ela foi diagnosticada com Síndrome da Fadiga Crônica e acabou desistindo da turnê de seu álbum anterior, And then life was beautiful (2021) – que ainda por cima foi lançado em meio à sombra da covid-19. O repertório de Jupiter une sons a la Motown, r&b, pós-disco e vibrações dream pop, em que a música parece vir de um sonho de Nao.
Wildflowers e Elevate, na abertura, são soul texturizadíssimo com agudinho dream pop. Happy people leva o som de Nao para um lado próximo do reggaeton. Já a mágica Light years tem evocações do Gilberto Gil de Drão na guitarra, e tem clima espacial, romântico e sacana na letra: “Eu esperei anos-luz por você (…) / eu poderia esperar mil anos para estar com você onde quer que você esteja / espero que você tenha construído aquele foguete porque eu não posso esperar para balançá-lo, baby”.
Jupiter prossegue na felicidade dance-lo fi de Poolside e também chega perto do pop adulto oitentista (a esperançosa Better days), do trap (All of me) e da união entre soul e folk (a indiscutivelmente bela faixa-título). Um disco feito para dançar e sonhar.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Little Tokyo/Sony
Lançamento: 21 de fevereiro de 2025