Cinema
Mulheres do rock alternativo em curta-metragem de 1994
Dirigido por Tamra Davis, que fez filmes como Howard & Anita – Jovens amantes (sua estreia como diretora de longas, em 1992, com Drew Barrymore num dos papéis principais), Billy Madison: Um herdeiro bobalhão (1995, com Adam Sandler) e Crossroads – Amigas para sempre (de 2002, com Britney Spears), No alternative girls é um curta-metragem de 1994, que fez parte de uma série de curtas feitos para o projeto No alternative: A benefit for AIDS, education and relief, da Polygram Video e da organização Red Hot, que trabalha com informação e prevenção ao vírus HIV. O curta apareceu no VHS do projeto – que rendeu também aquela famosíssima coletânea No alternative, cheia de faixas inéditas de bandas ilustres como Soundgarden, Smashing Pumpkins e Nirvana.
No curta, surgem musicistas do rock alternativo, como Gabby Glaser (Luscious Jackson), Niki Eliot (baixista e cantora de uma banda londrina do movimento riot grrl, Huggy Beat), Kathleen Hanna (a cantora do Bikini Kill, que aparece de touca ninja vermelha na filmagem), Courtney Love (então no Hole) e Kim Gordon (Sonic Youth) falando sobre diversos assuntos. O papo inicia com várias delas falando a respeito das mulheres que exerceram influência sobre seus trabalhos – a lista inclui Aretha Franklin, Yma Sumac, Christine Hahn (a baterista do The Static, a bandado guitarrista experimental Glenn Branca), Betty Wright e a própria Kim Gordon, citada por Courtney Love.
A conversa segue para assuntos como sexualidade, machismo, atitudes dos fãs e colegas homens diante delas, e muitas outras coisas. Julie Cafritz, guitarrista e vocalista do Pussy Galore, que por aqueles tempos dividia o projeto Free Kitten com Kim Gordon, diz que de modo geral tanto os homens quanto as mulheres que trabalharam com ela, achavam que ela fosse um tanto assustadora. “Mas eu nunca quis parecer isso”, conta. O papo depois chega nas “mulheres que usam sua própria sexualidade para vender seu trabalho”. Courtney Love e Kim Gordon eram contra, Jill Cunniff (baixo, voz, Luscious Jackson) prefere não fazer julgamentos a respeito.
Uma parte do material de No alternative girls foi feita em Super 8 (formato que Tamra usava desde cedo), assim que ela, em começo de carreira, foi demitida de uma produção enorme. Ela conta que foi por causa desse curta que ela recebeu o convite para dirigir Billy Madison. “Você tem que estar sempre dizendo sim para si mesmo. Você tem que filmar as coisas sozinho. Você tem que mostrar as coisas sozinho. Você tem que se inscrever em festivais de cinema. Você tem que ir às reuniões. Isso é tudo você, esse é o seu compromisso”, contou ela aqui.
“Fiz No alternative girls e eu filmei coisas que eu amava. Ninguém em Hollywood poderia me dizer que eu não sou uma diretora, tudo que eu tenho que fazer para ser uma diretora é pegar uma câmera e contar a história, e eu sou uma diretora. Então eu fiquei tipo, foda-se Hollywood, eu sou uma diretora. Se eu sentasse na minha cama e chorasse, eu os deixaria vencer. Fiz aquele curta-metragem e, em menos de duas semanas, recebi um telefonema para substituir um diretor em Billy Madison. Você tem que voar com toda a confiança do mundo. Mesmo que você ache que não tem confiança, ninguém sabe disso. Apenas finja”, recomenda.
Tá aí o filme!