Cultura Pop
Um box lembra aquela época em que o Motörhead invadiu as paradas de sucesso
O Motörhead e os Ramones têm algo em comum além da admiração mútua (que levou ambas as bandas a fazerem músicas em homenagem uma a outra). Suas formações mais lendárias e queridas estão fazendo parte, hoje em dia, daquela grande gig no céu. Da capa do disco Ramones, de 1976, não sobrou ninguém vivo. Da mesma forma, não estão mais por aqui Lemmy Kilmister (voz e baixo), Phil “Philthy Animal” Taylor (bateria) e “Fast” Eddie Clarke (guitarra). Os três responsáveis pela consolidação da estética bandoleiro-do-rock do Motörhead. E pela afirmação de uma sonoridade que milagrosamente uniu, e até hoje une, heavy metal, hard rock, pré-punk, punk, new wave e roqueiros mais clássicos.
O período 1979-1982, quando esse trio trabalhou junto, levou o Motörhead a meter medo em muita gente, pela reputação de banda mais perigosa, mais alta, mais rápida e mais beberrona do planeta. Em busca de sucesso, Lemmy – que convidara um pequeno rodízio de músicos para se juntar ao Motörhead, Larry Wallis entre eles – gravara um álbum engavetado para a gravadora de Stranglers e Buzzcocks, a United Artists. Tentara assinar com um dos selos mais cool da época, a Stiff. E fora parar na mão da gravadora que detinha o contrato do The Damned, a Chiswick.
Pouco antes disso, no fim de 1978, tudo mudou e a banda estava na experiente Bronze Records, que lançara discos do Uriah Heep. A ideia era que lançassem um single de teste (Louie, Louie, dos Kingsmen, em nova versão) e fizessem uma turnê pelo Reino Unido. No meio do caminho ainda havia uma data nas Peel Sessions de John Peel, na BBC, e uma aparição no prestigioso Top of the pops. Muita gente foi apresentada ao Motörhead aí.
E mais adiante, viriam dois discos, Overkill (em 24 de março de 1979) e Bomber (em 27 de outubro). Sim, a demanda por novos lançamentos do Motörhead estava tão grande – e era causada pela sensação que era ver a banda ao vivo – que saíram dois discos seguidos. Overkill foi seguido por uma turnê caótica em que a banda chegou a ser presa (foram encarcerados em Helsinque após destruírem o palco de um festival no qual se apresentaram).
E Bomber era a consolidação da fórmula. Era uma barulheira e uma doideira sem fim, com título inspirado tanto pelo romance de guerra Bomber, de Len Deighton, quanto numa gíria para anfetaminas que Lemmy conhecia desde a época em que era baixista do Hawkwind.
Seguem aí dois hits de cada disco, se você nunca ouviu. Ouça em alto volume.
E tá aí o motivo pelo qual a gente tá falando tanto de como andava o Motörhead há quarenta anos. A gravadora BMG lança em breve o box comemorativo Motorhead 79, contendo os álbum Overkill e Bomber remasterizados em vinil de 180 gramas, feitos a partir das fitas master originais, além de dois álbuns ao vivo com material de shows inéditos das turnês de 1979, um livro de 40 páginas com fotos inéditas e entrevistas da época (que teve extensa colaboração de amigos e ex-parceiros), um vinil com b-sides e faixas raras, um single de 7 polegadas com No class e um livro de partituras do disco Overkill. Tudo envolvo numa caixa feita de jaqueta preta de motociclista.
Olha aí o material, cuja parte “escrita” promete ir fundo no contexto histórico e social daquele ano de 1979, repleto de greves na Grã-Bretanha, ressaca das eras disco e punk, etc.
E isso aí é o Motörhead apresentando Overkill no Top of the pops, já como banda grande.
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