Lançamentos
Mort Garson: disco recorda temas de TV e até música de “viagem à Lua”
Durante os anos 1950 e 1960, o canadense Mort Garson (1924-2008) trabalhou bastante como músico de estúdio e compositor, sempre lá atrás dos bastidores. Compôs músicas para Brenda Lee (The dynamite), Ruby & The Romantics (Our day will come), gravou ou fez arranjos em discos de Doris Day, Mel Tormé, Julie London, Nancy Wilson e vários outros. Também aproveitou a onda dos discos de easy listening e fez arranjos orquestrais para músicas dos Beatles, para clássicos da bossa nova e muitos outros temas.
Até que, em 1967, resolveu comparecer a uma conferência da Sociedade de Engenharia de Áudio em Los Angeles. Lá, teve contato com Robert Moog – o inventor do sintetizador Moog – que fez uma palestra sobre o uso do aparelho em música comercial. E sua vida mudou. A partir daí, Garson gravaria uma série de discos bastante… bom, “inusitados” é uma boa maneira de descrevê-los. E quase todos colocavam os teclados do Moog bem na linha de frente, seja para criar sons agradáveis ou atmosferas sombrias.
Naquele ano, Garson compôs e arranjou The zodiac: Cosmic sounds, lançamento da Elektra que soava como uma viagem jimmorissoniana sobre o universo do horóscopo, com órgãos e synth. O ano seguinte viu nascer um outro disco excelente e adoidado, dessa vez com Mort operando os teclados. The Wozard of Iz, an electronic odyssey, (da A&M) é uma versão hippie-psicodélica-doidaralhaça de O mágico de Oz, em que todos os ruídos (vento, passos, batidas, etc) são feitos pelo Moog.
De 2017 para cá, o selo Sacred Bones tá relançando os discos de Garson: já saíram o curiosíssimo Plantasia (1976), feito como brinde para os clientes da Mother Earth Plant Boutique, uma espécie de loja gourmet de plantas inaugurada em 1970 na Melrose Avenue, em Los Angeles, além do eletrônico e satanista-de-zoeira Black mass (1971) e Music from Patch Cord productions, com out takes. Também é possível encontrar nas plataformas o maravilhoso Electronic hair pieces, que transformou (em 1969, antes do Kraftwerk) os temas da ópera rock Hair em quase-tecnopop. Dessa vez sai o novíssimo Journey to the moon and beyond, com material de Garson feito para TV, cinema e publicidade.
O disco inclui Moon journey, composta para a transmissão ao vivo do pouso da Apollo 11 na Lua em 1969, seis minutos e uns quebrados de viagens astrais no Moog. Os temas de comerciais (intitulados Músic for advertising, literalmente) são psicodélicos ao extremo. Já os Three TV IDs unidos numa só faixa de um minuto lembram intervalos de telejornais. Na lista de faixas tem também o tema do filme Black eye, filme black dirigido por Jack Arnold.
Ouça abaixo e caia dentro da viagem.