Cultura Pop
Mick Jagger: “A BBC recusou os Rolling Stones”
Alguém – não vamos revelar quem foi, mas não foi a gente não! – scanneou trechos da entrevista que Mick Jagger, cantor dos Rolling Stones, concedeu à Mojo que está nas bancas.
O motivo do papo foi o lançamento de On air, coletânea dos Rolling Stones com gravações feitas entre 1963 e 1965 em programas da BBC. O disco pega uma época em que a banda ainda não tinha um material autoral fortíssimo e se apoiava em covers de r&b, soul e rock mais antigo. Uma das últimas gravações a serem incluídas no CD é justamente a transmissão radiofônica do passaporte dos Stones para a fama: (I can’t get no) Satisfaction, em setembro de 1965.
Olha uns trechos da conversa aí. Jagger lembra que a banda ia a rádio tocar para ninguém (muitas vezes era basicamente uma transmissão feita num teatro vazio). E que a emissora rejeitou aqueles cinco caras algumas vezes.
Por que On air demorou tanto pra sair? Ele foi uma iniciativa da BBC. Eles provavelmente teriam feito o disco de qualquer jeito, mas queriam fazê-lo com as permissões e bênçãos de todo o mundo. Estou perfeitamente feliz com o que saiu.
Você gosta do que ouve no disco? Tem algo que te horroriza? Não, acho até que soa melhor. Gravar na BBC era uma coisa de um take. Se você não gostasse de um vocal ou errasse na guitarra, não poderia fazer de novo. Era como tocar para plateia nenhuma.
Há público em algumas músicas… E algumas vezes não havia nada. Lembro de estar lá às onze da manhã, tocando blues num teatro vazio.
A BBC mandava vocês voltarem umas três casas no jogo, então. Eles recusaram a gente!
Havia algum conforto em ser mal entendido? Não, queríamos estar lá. Estar no rádio era importante, e aquela era a única estação. Você tinha que jogar o jogo.
Uma vez que estavam lá, precisavam explicar quem vocês eram? Dizíamos: “É isso aí, somos uma banda de r&b, é o que tocamos. Nada desse pop cheio de sacarina das outras bandas. Tocamos música cheia de soul” (…)
E por que as músicas de On air não estão organizadas cronologicamente? Não sei, não estava envolvido. Se fosse um disco regular, eu estaria. Mas quem liga para a ordem das faixas? As pessoas apertam um botão e tocam na ordem em que quiserem (eita).
Com Satisfaction, os Stones se tornaram uma bandeira não só para o R&B como para uma geração. Como se sente em relação a isso? Era uma época do “nós contra eles’. Você se sentia assim com organizações como a BBC. Mas na época em que fizemos a última sessão, a coisa evoluiu do “temos mesmo que tocar essa porcaria?” para o “estamos felizes que tenham vindo ao nosso show!”.