Cinema
Michael Stipe adolescente, na plateia de “The Rocky Horror Picture Show”
Não bastava ir assistir ao clássico The Rocky Horror Picture Show (1975, dirigido por Jim Sharman). Quem ia assistir, muitas vezes, ia vestido como os personagens do filme, numa mescla dos visuais do punk e do glam rock – tudo considerado, dá para dizer que eram todos cosplayers antes do cosplay. Em St Louis, na segunda metade da década de 1970, o filme voltou às telas (como não tinha videocassette nem Netflix, nem YouTube, era comum filmes serem relançados ou ficarem mais de um ano em cartaz) e reuniu uma turma de adolescentes em sessões no Varsity Theater. Michael Brown, repórter de uma estação de TV local, foi lá bater um papo com alguns deles. Olha aí.
“Não, essas pessoas não estão loucas. Essas pessoas vieram ver um filme, cujos personagens estão vestidos dessa forma, o que explica o motivo pelo qual todos esses espectadores estão vestidos assim”, tentava explicar Michael para quem jamais imaginaria que fãs de filmes como Star wars e O senhor dos anéis iriam fazer coisas parecidas. O filme tinha entrado em exibição havia “dois anos e meio”, como lembra Brown, e a turma voltara a se reunir para ver o filme em maio, quando ele foi parar na grade da meia-noite – como Rocky Horror Picture Show saiu em 1975 e foi parar nos cinemas de St Louis em março de 1976, tem gente nos comentários afirmando que a reportagem é de 1978.
Entre os entrevistados da reportagem, tem uma menina diz que viu o filme nada menos que 61 vezes. Do lado dela, um garoto cabeludo, com o símbolo da banda Blue Oyster Cult bordado na roupa, e visual lembrando Frank N Furter, o cientista louco e andrógino do filme, interpretado por Tim Curry.
E o tal garoto é ninguém menos que Michael Stipe, vocalista do R.E.M. Na época, Stipe era só um garoto de uns 17, 18, que faz questão de avisar ao repórter que “somos todos normais, de verdade”. Na adolescência, Stipe morou por uns tempos em St.Louis – lá envolveu-se com a cena punk local e comprou o LP Horses, de PattI Smith (1975), grande influência. Pouco depois, mudou-se para a Georgia com seus pais e lá montou o R.E.M.
Por sinal, na mesma matéria, Brown entrevista o proprietário do cinema, Pete Piccione. E pergunta a ele se se importaria que seu filho ou sua filha se vestissem daquela forma para assistir ao filme. “Meu filho e minha filha trabalham comigo. Se eu achasse que isso é uma má influência, não os deixaria trabalhar aqui”, contou. “Mas se eles quisessem se vestir como essas pessoas…. Bom, teria que pensar sobre isso”.
Via Open Culture.