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Max Levay: o dia a dia do Nordeste nos clipes

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Com mais de 20 anos de carreira, o fotógrafo e diretor de audiovisual Max Levay costuma inserir uma característica comum em todos os clipes que vem dirigindo. Seus vídeos têm o Nordeste brasileiro como cenário, e mostram um pouco do dia a dia e da história de cada artista retratado.

Foi o que aconteceu recentemente na trilogia Clipedoc, com três clipes do cantor e compositor Charles Theone. Todos trazem o artista em clima de reencontro com lugares que fizeram parte da sua vida. O mesmo rolou no clipe do cantor André Rio, Recomeço, que estreou no YouTube no dia 21 de outubro: Levay foi até o centro urbano do Recife e pegou imagens reais de vendedores e ambulantes. Também foi às casas dos músicos de André, foi à periferia da capital e pegou mais imagens. Em alguns casos, as pessoas eram convidadas na hora para estarem no clipe.

“Sou um autor de crônicas fotográficas. Digo também que um sociólogo de imagens. Viajo muito, converso muito com as pessoas. A fotografia de rua, pessoas, lugares, virou uma paixão. Levo essa ‘pegada’ para minhas narrativas de imagens. Quando cabe”, conta Max ao POP FANTASMA, lembrando que antes mesmo da fotografia (que descobriu aos 17 anos) já havia atuado na música, mas no palco, tocando em bandas de rock no Recife. Também atuou como fotógrafo publicitário, e passar da fotografia para os clipes foi uma transição tranquila. “Uma coisa não exclui a outra. As artes se somam. Por isso, na grande maioria dos videoclipes eu assino a direção de cena e fotografia”, afirma.

Recentemente, Max Levay dirigiu um documentário sobre uma das maiores figuras do pop nordestino dos anos 1970: No oco do mundo fala da história de Paulo Diniz, o autor e cantor de músicas como Um chope pra distrair e Pingos de amor. “Sempre quis ter esse encontro com o Paulo. Ouvir suas histórias por trás das canções. Ele é um ícone desse tempo. E suas produções musicais eram feitas com os melhores músicos da época. como João Donato e Marcelo Sussekind, por exemplo”, conta Max, revelando que o filme está em montagem e foi inscrito em alguns editais.

Paulo está sumido da mídia desde os anos 1980 e, um pouco por causa de seus problemas de saúde, um pouco pelo desinteresse das gravadoras, tem levado vida de artista recluso. Levay diz que o documentário “foi uma conquista. Até hoje ainda está sendo. No tempo dele, no meu tempo”, conta ele, que ainda dirigiu um clipe para uma nova canção de Paulo, A música da minha vida. “Foi ideia dele. Chamei Jam da Silva para produzir e avançarmos com ela.  Me parece, ainda, que Paulo está fazendo alguns ajustes de edição”, diz.

Max recorda ter começado nos clipes com uma ajuda dos amigos músicos, que entendiam a força de um clipe para ajudar a alavancar a música. “Pouca grana, mas vontade de fazer”, diz. Hoje diz que o principal para quem quer atuar na área é criar coisas novas. “Adaptar ou melhorar referências. Brincar com a estética, das cores, das composições, questionar os padrões. Usar a tecnologia a seu favor, sem abrir mão do olhar nativo. Estimular o olhar-a-granel, sendo detalhista na produção”, recomenda.

Foto: Fernando Azula

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