Cultura Pop
Aquela vez em que Mauro Celso chamou Rita Lee de “velha coroca”
Você talvez não lembre quem foi Mauro Celso (1951-1989). Esse cantor e compositor nascido em São José do Rio Pardo (SP), que chegou a trabalhar como vendedor do Baú da Felicidade, fez muito sucesso nos anos 1970 com duas músicas das quais era impossível escapar: Farofa-fá e Bilu-teteia. A primeira, especificamente, tocava no rádio, em festinhas de criança e em animadas festas de gente muito louca (o verso “comprei um quilo de farinha/pra fazer farofa” se prestava a múltiplos sentidos lá por 1975/1976).
A RCA, gravadora de Celso, atenta a esse lado, digamos, eclético do artista, batizou o primeiro disco do cantor como Para crianças até 80 anos.
Olha as duas aí.
Quem leu o livro Eu não sou cachorro, não, de Paulo Cesar Araújo, lembra: nos anos 1970, artistas brasileiros falavam mal uns dos outros o tempo todo. Era quase uma regra: numa entrevista, qualquer um falava mal de qualquer um, e sobravam declarações politicamente incorretas, mal-educadas ou homofóbicas. Em 1977, quando Rita Lee lançou Arrombou a festa, música em que dava altas zoadas em todos os artistas da MPB, teve muita gente que ficou puta por causa da faixa (dela e de Paulo Coelho).
Um dos ofendidos foi ninguém menos que Mauro Celso. Olha aí. O cara lançou em 1977 até uma música pra responder as críticas de Rita Lee (que incluiu em Arrombou a festa o verso “bilu-bilu-fafá, faró-faró-tetéia”).
“Mauro Celso (…) acabou de lançar a música Macacos coloridos, onde responde às críticas de Arrombou a festa, recente sucesso de Rita Lee, que fala de várias composições, inclusive das suas.
‘Rita Lee foi muito maldosa em criticar autores nacionais, porque indiretamente criticou o público que prestigia todo esse pessoal focalizado na música’, diz Mauro. Na opinião do cantor, Rita Lee não conseguia fazer sucesso há muito tempo e foi só usando trechos de músicas de outros compositores que ela alcançou os primeiros lugares das paradas.
Por isso, em Macacos coloridos, Mauro Celso critica a ‘Rainha do rock brasileiro’ com frases do tipo ‘você tá ficando uma velha coroca/está apelando porque na verdade ficou a perigo/você imita tudo que é feito nos Estados Unidos/você americana, metida a bacana”.
Apesar da sacação de mercado, a música de Mauro Celso não fez lá um puta sucesso – pelo menos não é tão lembrada quanto seus dois principais hits. Ouve aí.