Cultura Pop
Aquela época em que Mark Hollis virou artista solo
Quando a banda britânica Talk Talk encerrou atividades, em 1992, quem sumiu e passou a levar uma vida tranquila e reclusa foi o líder do grupo, Mark Hollis – que morreu em fevereiro de 2019.
Se você não se recorda do Talk Talk, são os caras do hit It’s my life. O do clipe aí de baixo.
A bem da verdade, Mark já estava sumido do mundo do showbusiness mesmo com a existência do Talk Talk, já que a banda, mesmo gravando até o começo dos anos 1990, não excursionava desde 1986. Com o término, ficou em casa construindo seu primeiro disco solo, que iria para o mesmo lado jazz-rock dos últimos do Talk Talk.
“Nos últimos seis anos, passei muito tempo escrevendo e organizando. Toquei em casa e construí o disco inteiro na minha cabeça. Você pode dizer que fiz primeiro algo como um manuscrito. Então, eu acho, é a hora exata de fazer o álbum”, contou Mark numa de suas raras entrevistas após o fim do grupo.
O músico, no tal papo, nem fez questão de posar para fotos, e disse que uma recente bateria de entrevistas o havia deixado maluco. Também fez questão de informar que suas filhas estavam imunes à mais recente sensação do pop inglês, as Spice Girls – que ele também ignorava. “Eu não presto atenção nisso, estou ouvindo música clássica do século 1920 ou jazz da segunda metade dos anos 1950 até o final dos anos 1960”, afirmou.
Shows para divulgar o disco? Nada. “Não haverá nenhum show, nem mesmo em casa na sala de estar. Este material não é adequado para tocar ao vivo. E eu optei por minha família.. Talvez os outros sejam capazes de fazer isso, mas eu não posso ir em turnê e ser um bom pai ao mesmo tempo “, contou.
Mark Hollis, o disco (olha aí, tá até no Spotify!) saiu em 26 de janeiro de 1998 e era para ter sido o segundo lançamento de um contrato do Talk Talk com a Polydor, pelo qual já havia saído o último disco da banda, Laughing stock (1991). O álbum de Hollis deveria ter sido lançado como disco do Talk Talk e iria ganhar o nome de Mountains of the moon. Depois é que se decidiu que o disco seria um álbum solo do músico. Mas até então, a Polydor já tinha distribuído para a imprensa uma versão promo (em K7 e CD-R) do disco com o nome inicial.
E é isso aí. Se quiser mais de Mark Hollis na época de seu primeiro disco solo, uma surpresa é a entrevista abaixo, dada a TV dinamarquesa. Um fã ficou tão animado de encontrar esse material no YouTube que transcreveu o papo (em inglês).
Olha aí uns trechos.
“A razão pela qual estou fazendo isso é a música, não algum tipo de comercialização”.
“O ideal é que o álbum não seja reconhecido como tendo vindo de qualquer época, ou tendo sido gravado em qualquer ano em particular”.
“A maneira de ouvir o disco é sozinho, num lugar silencioso. Eu não acho que você deva empurrar o volume além do natural que os instrumentos teriam na sala”.
“Eu gosto de silêncio. Eu me dou bem com o silêncio, sabe? Eu não tenho problema com isso. É apenas silencioso, sabe. Então, se você vai quebrar o silêncio, tenha uma boa razão para fazer isso”.