Cultura Pop

Quando Marcelo Nova falou de LSD e de morte no programa da Angélica

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“Peraí, Marcelo Nova no programa da Angélica?”, você pode estar se perguntando. Sim: fazia parte da agenda da maioria dos cantores pop nacionais dos anos 1980 e 1990 pelo menos uma ida a algum programa infantil de televisão. Quem viveu a época, lembra: Cazuza foi lançar Exagerado no TV Criança, da Band. Ratos de Porão foram mostrar Sofrer no Milk Shake, da Angélica.

O Ira! participou de quadro de “jogo da memória” no Bozo. Paralamas do Sucesso foram fazer micagem no mesmo programa. Os Raimundos viviam mostrando as músicas do disco Só no forévis (1999) no Planeta Xuxa e tocaram até ao vivo (ao vivo mesmo, sem dublagem) na atração comandada pela rainha dos baixinhos. Que por sinal gravou músicas de artistas como Rita Lee e Roberto Frejat no primeiro Xou da Xuxa, em 1986.

Em 1990, mesmo com Raul Seixas morto, havia várias datas na TV para Marcelo Nova divulgar A panela do diabo, disco gravado pelos dois em 1989. Lá foi ele mostrar nada menos que a sombria Quando eu morri na atração dos sábados da TV Manchete Milk Shake, comandada por Angélica. Se o que você mais queria da vida era ver um popstar nativo cantando num programa infanto-juvenil uma música que fala em ácido lisérgico, morte, psiquiatria, Jimi Hendrix tocando em nuvens distorcidas e outros temas sadios, seus problemas acabaram (imagem e som horrendos)

Quando eu morri foi feita com as lembranças de uma viagem mal-sucedida de LSD que Marcelo teve nos anos 1970. Um tempo atrás, o cantor do Camisa de Vênus falou comigo para o jornal O Dia e perguntei para ele como foi apresentar essa música justamente lá. Marcelo disse que não se animava muito com televisão. “Nem tem muito o que falar. Faço só com a intenção de atingir pessoas que normalmente não teriam chance de conferir meu trabalho ao vivo”, contou. Mas achou interessante apresentar uma canção que não tinha nada a ver com o programa.

“Era uma música que não era aquela coisa de celebrar hits, de falar como tudo era bom”, conta Marcelo. Na época, diz ele, ninguém da Manchete se chocou muito com a música no Milk shake. “O público em casa tem uma percepção bem diferente das pessoas da produção do programa. Essa turma da TV está mais preocupada com o cabo, com o comercial, com detalhes técnicos, do que com a qualidade ou a falta de qualidade do que está indo ao ar, ou de uma obra”, vociferou.

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