Cultura Pop
Relembrando “Live at Leeds”, do Who, gravado em 14 de fevereiro de 1970
O mais bizarro é imaginar que nem sequer se tratava de um disco duplo. Reeditado duas vezes com bônus (a edição de 2001 traz o show inteiro, com mais de duas horas), o LP original trazia só seis faixas – três delas eram covers clássicas de rock e blues, sendo que a releitura de “Summertime blues”, de Eddie Cochran, virou canção-assinatura do Who a partir de então. Olha aí.
O conteúdo era evidentemente matador, ainda mais em se tratando de uma das bandas que mais tocavam alto no mundo, e da banda cujo guitarrista era um sujeito impulsivo como Pete Townshend (o encarte de “Live at Leeds” chegava a trazer o orçamento das guitarras quebradas pelo músico durante a turnê de “Tommy”).
Aí embaixo você encontra um trecho de quase dez minutos de um documentário da BBC sobre o show de Leeds e a gravação do disco – infelizmente, em inglês sem legendas.
https://www.youtube.com/watch?v=cHHToi3tAlg
Roger Daltrey, vocalista do grupo, revela no vídeo acima que o ambiente em Leeds não era exatamente o de um piquenique com amigos – rolavam evidentes tensões no palco e na plateia. Vários fãs da banda que estavam no show (alguns deles, por causa da superlotação do refeitório, subiram no teto para conferir o Who) são entrevistados, sempre com uma cópia do disco rolando num toca-discos antigo ao lado.
Um fã muito especial do Who que dá depoimento é ninguém menos que Rick Wakeman. Ele não estava na apresentação porque estava em turnê com os Strawbs, mas vibra como se tivesse 15 anos de idade ao escutar o disco e ao entrevistar Daltrey. Bob Pridden, técnico de som do Who, lembra que se “Live at Leeds” não tivesse existido, possivelmente haveria um disco ao vivo com os melhores momentos da turnê norte-americana de “Tommy”, ópera-rock do Who, só que Pete Townshend decidiu que estava “tudo velho” e mandou queimar os tapes (não foi exatamente o que aconteceu – Pridden salvou “um par de tapes” e eles apareceram até em versões de luxe de “Tommy”).