Cultura Pop
Lembra do Strawberry Switchblade?
Jill Bryson e Rose McDowall não tinham um histórico muito comum a cantoras de uma dupla new wave felizinha da vida. Ainda assim, as duas integrantes do Strawberry Switchblade, que existiu entre 1981 e 1986 na Escócia (e fez sucesso com Since yesterday, em 1985), fizeram o trajeto comum às estrelas pop da época no Reino Unido. Conseguiram bastante sucesso com alguns singles, apareceram na capa do sucesso editorial Smash hits, excursionaram, fizeram vários programas de TV, etc.
Olha as meninas aí no Japão, dando entrevista em inglês mesmo, para um repórter japonês com voz de locutor da madrugada de rádio FM.
Na adolescência, Rose chegou a ter uma banda chamada Poems, na qual tocava bateria em pé, imitando a baterista do Velvet Underground, Maureen Tucker. O grupo novaiorquino era amado pelas duas garotas a ponto de terem gravado uma versão de Sunday morning, do primeiro disco deles.
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O visual delas era uma mescla de felicidade new wave (vestidos de bolinhas, apliques nos cabelos) e gotiquices (a maquiagem usada pelas duas). O currículo delas era punk e deprê o suficiente para terem chamado as atenções de Bill Drummond e David Balfe, empresários e produtores que trabalharam com bandas como Echo & The Bunnymen. O primeiro single delas, Trees and flowers (1983), falava de transtorno de ansiedade e agorafobia, entre outros temas nada leves. Em pouco tempo, elas estavam contratadas pela Korova, o selo que lançava os discos do Echo.
“Nossa imagem era colorida, mas nossas mentes estavam sombrias”, lembrou Rose num papo com o The Guardian não faz muito tempo. Outras letras, como Let her go, Who knows what love is e Being cold, não economizam na hora de falar de tristezas, problemas, altos e baixos (estes, em especial).
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Rose conta ao Guardian que desde criança foi interessada em magia, que sua mãe lhe dizia que ela costumava falar em línguas estranhas, e que às vezes ela “tinha pesadelos que continuavam quando eu estava acordada”. Um tempo depois, ela chegou a ser atraída pelo malucão Genesis P. Orridge para que fizesse parte do grupo de magia Thee Temple ov Psychick Youth. Nunca deu muito certo, e ela sempre dava uma desculpa e não se juntava ao grupo. “Posso praticar feitiços, mas não farei parte de um coven ou ‘coisa’ de qualquer outra pessoa. Eu não entro em grupos”, conta.
Rose de vez em quando ainda lança uma coisa ou outra – como o álbum acima, de demos e gravações realizadas nos anos 1980. Jill Bryson, por sua vez, sumiu mesmo (inclusive da convivência da ex-colega). Reapareceu em 2013 como integrante de uma nova banda, The Shapists, que tem na formação sua filha Jessie Frost.