Leæther Strip: som eletrônico-industrial corrosivo, em relançamentos

O disco Science for the satanic citizen, segundo álbum do projeto eletrônico-industrial dinamarquês Leæther Strip (1990) tem algo em comum com Cabeça dinossauro (1986), o clássico dos Titãs: a capa traz também cabeças desenhadas por Leonardo Da Vinci. No caso do álbum da banda paulista, são Expressão de um homem urrando na frente e uma das cabeças grotescas do artista renascentista na parte de trás. No disco do projeto criado em 1988 por Claus Larsen, é Head studies for the battle of anghiari, do pintor, que surge na capa.

Já o som é tiro, porrada e bomba: vocais distorcidos, batidas marciais e sintetizadores entre a sujeira e a tecnologia, lembrando a fase meio dançante, meio guerrilheira do Ministry (do hit Every day is halloween). É a sonoridade de faixas como G.A.W.M (ou “getting away with murder”, escapando impunemente de assassinato), Law of Jante, Satanic citizen, e outras.  Para aumentar o clima dramáticos, samples de filmes como Hellraiser aparecem ao longo do álbum.

O selo Cleopatra relança Science e o primeiro disco do projeto, The pleasure of penetration, em edições especiais – o primeiro em vinil prateado. Ambos os discos, em pré-venda, já podem ser ouvidos no Bandcamp. Claus diz que está nessa “desde os 14 anos e vai continuar até cair morto” e não é brincadeira: o Leæther Strip vem lançando bastante material desde 1990, às vezes na base de dois discos por ano. O grupo sempre foi formado por Claus, com algumas colaborações – o companheiro do músico, Kurt Grunewald Hansen, esteve na banda até morrer em 2015. A sonoridade, bastante corrosiva, soa como algo feito para ouvir no último volume – mas tomando cuidado com a audição nos fones.