Crítica

Ouvimos: Låpsley – “I’m a hurricane I’m a woman in love”

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RESENHA: Låpsley narra dilemas amorosos e sua experiência com um triângulo amoroso em disco indie-pop oitentista, íntimo e reflexivo: I’m a hurricane I’m a woman in love.

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Mais íntimo e confessional, impossível. I’m a hurricane I’m a woman in love, quarto álbum da cantora britânica Holly Låpsley Fletcher (ou simplesmente Låpsley) é seu primeiro álbum totalmente independente, e todas as músicas giram em torno de sua experiência recente com um triângulo amoroso, onde ela tinha um namorado à distância (o produtor do álbum, Greg Abrahams, da África do Sul) e seu atual noivo.

Na real, não chegava a ser nenhum bundalelê, muito menos era um poliamor de verdade – o relacionamento de Låpsley com Greg era aberto, o atual noivo sabia da situação e a história envolveu apenas os três. Mas a experiência dela e a volta para a monogamia geraram uma série de questionamentos que a cantora decidiu registrar em disco. Musicalmente, é um álbum regido pelos anos 1980 – há momentos que lembram micropontos de The Police, Bryan Ferry e Eurythmics – e, às vezes, por uma visão mais pop do folk. Faixas muito boas como Better e Since you left vão bem nessa onda.

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Nas letras, I’m a hurricane vai seguindo os dilemas e as decisões de Låpsley. A escolha por uma vida amorosa tradicional vira uma espécie de “eu me rendo!” em músicas como o folk Church (que traz desencanto anti-patriarcado em versos como “tentei derrubar o prédio deles / mas estruturalmente não há como mudar isso”) e o pop oitentista Better. Já as tensões do relacionamento à distância aparecem na balada Hurricane (que a certa altura se parece com When tomorrrow comes, do Eurythmics) e no eletro-rock Woman like that (feita pensando nos antigos casamentos de Greg e do noivo).

Lá pelas tantas, surge o fofolk Featherweight champion of the world, feito quando Låpsley conseguiu dizer ao noivo que o amava. No final, North face e o pop Lilac hues (com um lado quase beatle, já que surge um teclado que lembra Strawberry Fields forever) trazem sentimentos um tanto conflituosos em relação à escolha por uma vida a dois comum.

I’m a hurricane I’m a woman in love mexe, no fim das contas, com temas de digestão bem complicada – o fato de acabar deixando mais dúvidas do que certezas pode ser bem frustrante, dependendo do grau de expectativa de quem ouve. Musicalmente, traz surpresas, tranqulidade e, às vezes, tranquilidade até demais – como num relacionamento amoroso nota 7.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Her Own Recordings
Lançamento: 2 de maio de 2025.

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