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Um designer criou uma caixinha imaginária dos primeiros anos do Kraftwerk

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Um designer e escritor chamado John Coulthart fez um questionamento bastante razoável a respeito do Kraftwerk: como a banda (ou o que sobrou dela, enfim) poderia retrabalhar graficamente seus três primeiros discos para um lançamento em CD?

Como assim? Vamos lá. O grupo alemão, em 2009, retrabalhou todo seu catálogo lançado entre 1974 e 1985 numa caixa chamada… The catalogue (foto acima e vídeo abaixo). Redesenhou as artes gráficas dos álbuns, que foram totalmente modificadas. Autobahn voltou a ganhar o sinal de trânsito do design original; Man machine perdeu as carinhas dos integrantes abaixo do título; Radio activity e Trans-Europe express também ganharam sinais gráficos nas capas; Electric cafe virou, finalmente, Techno pop (como previa o conceito original do álbum) e vai por aí.

Coulthart aposta que o objetivo da banda no tal redesenho era eliminar traços humanos nas artes gráficas, e substituir qualquer traço de organicidade por sinais robóticos. Se o grupo tivesse atentado para o fato de que “ei, somos homens máquinas ou o quê? Que porra é essa de colocar uma pintura nossa na capa de um disco, ou um rádio?”, talvez tivesse lançado os discos com essas imagens antes.

Agora corta para os três primeiros discos da banda, Kraftwerk 1 (1971), Kraftwerk 2 (1972) e Ralf and Florian (1973). Nenhum dos três jamais foi reeditado em CD. Pelo menos oficialmente, já que há uma edição alemã dos dois primeiros, pirata. E se o Kraftwerk decidisse relançar tudo num pacotinho, com artes gráficas mudadas para o conceito robótico do grupo?

Coulthart criou sua própria caixinha, com o nome de Klingklang (nome da editora e estúdio do Kraftwerk, e também de uma das músicas dessa fase inicial). Pôs no lay-out da caixa a onda de osciloscópio que aparece no LP duplo Kraftwerk, lançado pela Vertigo em 1972 reunindo os dois primeiros álbuns – e que também aparece na tal edição pirata alemã. Usou letra estilo Futura, que tem aparecido em vários designs da banda.

Os dois primeiros discos têm aquele famoso cone na capa, que Coulthart reproduziu com um ar mais “futurista”. Os cones aparecem vistos de cima no selo.

Ralf and Florian virou Ralf Florian e perdeu a foto da capa, seguindo o ritual de desumanização das capinhas do grupo. Coulthart se inspirou nos nomes dos integrantes escritos em neon na contracapa e criou essa imagem aí.

A propósito: em 2006, Ralf Hutter chegou a dizer que os três primeiros discos poderiam finalmente sair em CD. Até hoje, no entanto, nada. “Nunca nem demos uma olhada direito nesses discos e eles sempre estiveram por aí, mas em bootlegs”, afirmou.

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