Cinema

Kenneth Anger bem de perto, na TV alemã, em 1970

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Kenneth Anger é um cineasta bem diferenciado – para dizer o mínimo. Desde o começo de sua carreira, nos anos 1940, ele é uma espécie de lado sombrio e maldito do cinema norte-americano, unindo magia, psicodelia diabólica, experimentalismo, roupas de couro, fetiches, imagens que podem tanto encantar quanto assombrar (muito!) e trilhas sonoras desconcertantes. Filmes como Lucifer rising, Inauguration of the pleasure dome e Invocation of my demon brother são rituais filmados, e o próprio Kenneth, adepto dos métodos do ocultista inglês Aleister Crowley, trabalha de maneira ritualística.

É o que dá pra ver com detalhes no (surpreendente) documentário abaixo, produzido pela TV alemã e 1970, enquanto Kenneth trabalhava num filme que não ficaria pronto tão cedo, e ainda passaria por outras etapas, Lucifer rising. Começa pelo fato de que a ideia do canal não era exatamente documentar Kenneth de modo passivo – eles queriam que o cineasta dirigisse seu próprio documentário e que fizesse comentários sobre seu trabalho enquanto era filmado.

Perceberam de cara que Kenneth não conseguiria fazer isso. Ele simplesmente saía filmando e não fazia muitos comentários. E de tão surreal que seu trabalho era, não daria para ele conseguir ter concentração suficiente para encarar aquilo de modo documental. O cineasta topou dar depoimentos, desde que aparecesse numa espécie de púlpito, cercado de objetos ritualísticos. Lá, ele falou sobre como o cristianismo distorceu a imagem de Lúcifer, explicou que não vê diferença entre magia no dia a dia e em circunstâncias especiais, e contou que costumava usar magia até para escolher atores para seus filmes.

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“Escolho tipos, não atores comuns. E os escolho por seu poder elementar, representando demônios e anjos”, contou. Em Lucifer rising, ele estava interessado em mostrar “o ritual técnico da mágica, como o espírito é elevado a um estado em que pode se comunicar com outro mundo, outra dimensão”, relata no filme, que traz trechos de várias produções deles feitas até aquele momento. É o tipo de coisa que qualquer outro canal acharia um tanto quanto maluco demais pra exibir, mas aparentemente esses dilemas não bateram na TV alemã, não. Confira aí.

Via Dangerous Minds.

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