Kanduras: amor, política e variedade rítmica no álbum “Tudo vira moda”

Em seu segundo álbum, Tudo vira moda, a banda independente paulistana Kanduras equilibra-se como pode entre o amor e a política – às vezes numa mesma faixa. Os dois temas passem por faixas como Vou te buscar, Mel da liberdade, Bomba por aí, e a faixa-título. O grupo criado pelo jornalista Raphael Thebas (voz e guitarra) e pelo percussionista Junior Breed (bateria) lança o disco após três anos de maturação, durante os quais criaram e recriaram canções e convidaram dois novos integrantes, Thomaz Marra (guitarra) e André Bedurê (baixo). Na lista de participações do disco entram ainda Samuel Samuca (da banda Samuca e a Selva), a cantora Luiza Kolya (em Mel da liberdade) e também da banda Vitrola Sintética.

Seguindo na função de unir coletivo e pessoal, as letras falam sobre situações do dia a dia que passam despercebidas, ou são naturalizadas, quase sempre com ironia e certa tristeza, como no samba No ombro de alguém. “Quem deixou tantas pedras no caminho impedirem passarinhos de voar?”, diz a faixa. “Essa música fala sobre se contentar e seguir em frente, ou, se arrepender e tentar salvar aquilo que vale a pena ser salvo”, diz a banda no comunicado de lançamento. “Percebi que o álbum é sobre aquilo que vira cotidiano, e como nem tudo que vira moda é bom”, conta Raphael Thebas, que assina a maioria das letras sozinho ou em dupla com Thiago Romaro.

Da mesma forma que existem dois temas em equilíbrio no disco, a banda trafega também entre a MPB e estilos como rock, soul e jazz, cabendo também uniões com ritmos nordestinos em faixas como Tudo vira moda (“mas tudo vira moda/hoje criam cobras e comem maçãs”, diz a letra) e Recife, com sons latinos em Intención (cantada quase toda em espanhol e apresentando bons solos de guitarra em estilo Santana), uma (boa) balada acústica em Gaveta do meio, o samba na guitarra de No ombro de alguém, o country-rock Troco de pista.

Foto: Fernando Vianna/Divulgação