Cultura Pop

Juan Gabriel: Elton John do México?

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A comparação é estranha mas alguns críticos musicais lançam mão dela. O cantor mexicano Juan Gabriel, que morreu em 2016, é até hoje considerado o Elton John do México por muita gente. Na verdade era uma mescla de Elton John, Elvis Presley, Liberace, Freddie Mercury e tudo o mais que você possa entender como sendo muito extravagante e chamativo. O cantor, conhecido como Divo de Juarez (referência à Ciudad Juarez, onde passou a infãncia), abusava das roupas no estilo flamboyant, com cores chamativas. Volta e meia aparecia vestido de toureiro (ou algo parecido) nos palcos da vida. Foi embora aos 66 anos, no meio de uma turnê, de infarto.

Juan Gabriel ganhou em 2009 o prêmio de Personalidade do Ano no Grammy Latino. Na premiação, cometeu um ato de deixar o Kanye West morrendo de inveja: fez um show que era para ter durado poucas músicas, mas acabou ficando no palco por quarenta minutos. Possivelmente ninguém reclamou: Juan, cujo nome verdadeiro era Alberto Aguilera Valadez, era um astro pop do país e era adorado por multidões. Isso desde 1971, quando estreou com o hino do zé-mané ferrado, No tengo dineiro.

A letra da canção, que falava sobre um rapaz duro que não podia nem se planejar para casar com a namorada, revelava um pouco da história de Juan Gabriel, um garoto pobre, cuja mãe trabalhava como empregada doméstica, e que havia sido criado num internato para menores. Fugiu de lá e teve diversos subempregos na adolescência. Mas começou a cantar em bares e logo conheceu o sucesso.

Para quem gosta de teorias malucas sobre música, vale dizer que Juan Gabriel era um astro latino perfeito para uma época em que padrões começavam a ser quebrados e o novo homem “roqueiro” era menos másculo e mais delicado, vamos dizer assim. Seu tom de voz lembrava mais o dos astros pop italianos (ok, volta e meia lembrava o de Roberto Carlos na jovem guarda). Ainda assim, o universo de Juan era o da música rancheira, uma espécie de quase brega do México, com canções de dor de corno, bebedeira e, em alguns casos, clima de música-para-beber-e-brigar.

Apesar da semelhanças com as “jovens guardas” espalhadas por países de língua não-inglesa, Juan chegou a gravar canções típicas mexicanas, a fazer shows e álbuns com mariachis, etc. E como sempre foi comum com astros que atraem muito público, foi descoberto pelo cinema. Olha ele aí em Nobleza ranchera, de 1977.

Juan escondia bastante sua vida amorosa/sexual. Bom, escondia tanto que a sensação entre repórteres era perguntar a ele sobre se ele era casado, solteiro, se estava namorando ou, enfim, se era gay. Numa das vezes, respondeu com um “o que você pode ver, não precisa perguntar a respeito, filho”. A atitude “divo” no palco fazia com que o público LGBTQIA+ fosse muito fã dele: a cada show, eram várias trocas de roupa, além de atuações bastante passionais.

Quem é fã de Juan pôde pelo menos conhecer mais detalhes sobre a escalada profissional dele pouco antes do cantor morrer, já que a TNT transmitiu a série Hasta que te conoci, sobre sua infância, seu começo na música e um ou outro episódio tumultuado (como sua prisão, acusado de roubo, quando era jovem, e seu relacionamento conturbado com a mãe). A série foi um projeto da Disney em espanhol e fez sucesso local, com colaboração do próprio cantor (que trabalhou junto a produtores e roteiristas). Jogaram o primeiro capítulo no YouTube.

E uma polêmica bizarra que aconteceu envolvendo o nome de Juan Gabriel foi quando o ex-empresário do cantor afirmou que Juan forjou a própria morte, vivia escondido desde 2016 e iria “ressuscitar” no mês de dezembro de 2018. Não aconteceu nada, claro, e o empresário mudou a data para janeiro. Claro que também não aconteceu nada novamente. O site da emissora RPP chegou a fazer um cronograma da morte e das “ressurreições” do cantor.

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