Cinema

Jogaram o Duna de Jodorowsky no YouTube

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O cineasta Alejandro Jodorowsky começou a fazer filmes por uma razão muito peculiar: ele queria provocar nas pessoas que assistissem às suas produções o mesmo efeito alucinógeno do LSD, mas sem “alucinações” na prática. “Eu não queria que as pessoas tomassem LSD, eu queria fabricar os efeitos da droga e fazer um filme que mudasse as percepções das pessoas”, chegou a afirmar ele.

Era nesse pé que o diretor de filmes como El topo e A montanha sagrada estava quando resolveu dirigir uma adaptação do romance de ficção científica Duna, em 1975. A adaptação nunca foi feita e costumeiramente é chamada por aí de “o melhor filme jamais feito”. Mas gerou um filme bem interessante: Duna de Jodorowsky, dirigido por Frank Pavich em 2013, que é um documentário sobre… a realização do Duna que nunca saiu. A tal fala de Jodorowsky foi dita logo no comecinho do documentário.

E a novidade é que jogaram o Jodorowsky’s Dune no YouTube, com legendas em inglês e espanhol. Veja antes que tirem do ar.

Jodorowsky, que fez uma turma enorme achar que estava MESMO viajando quando viram filmes como A montanha sagrada, queria que o Duna mudasse mentalidades e que chegasse perto de “um deus artístico, cinematográfico. Não era como fazer um filme, eu queria fazer algo sagrado”. O filme veio de um ataque de ambição desmedida de Jodorowsky, que teve um grande sucesso na Europa com A montanha sagrada (diz ele que ficou no segundo lugar de bilheteria na Itália, atrás apenas do filme de James Bond da época). E é uma produção meio americana, meio francesa (Jean-Paul Gibon, co-produtor, liderava um consórcio que comprara os direitos do livro).

Com o tempo, nomes caríssimos foram aparecendo no projeto: o Pink Floyd, que estava em estúdio na ocasião, faria a trilha sonora, Orson Welles seria o Barão Vladimir Harkonnen, Mick Jagger faria Feyd-Rautha Harkonnen, Salvador Dalí interpretaria o Imperador Shaddam IV e até mesmo a modelo e atriz Amanda Lear (a garota da capa de For your pleasure, o segundo disco do Roxy Music) estaria no elenco interpretando a Princesa Irulan. Lá por 1976, só em produção de storyboard e roteiro, o filme já havia consumido mais de dois milhões. O script previa um filme que duraria 14 horas (!) e acabaria não sendo visto por ninguém.

Não deu muito certo, e o Duna não saiu. Mas rendeu umas histórias engraçadas: Dalí só aceitou se fosse “o ator mais bem pago de Hollywood” e ganhasse um cachê ziliardário (tipo cem mil dólares por hora de filmagem) – o diretor encasquetou que só usaria poucos minutos dele no filme, para compensar. Orson Welles, famoso por “comer e beber muito durante os filmes” (o próprio Jodorowsky diz isso), fez exigências gastronômicas caríssimas. Pelo menos Hollywood descobriu a equipe inteira do filme, o que foi bom para todos os envolvidos. E em 1980, o diretor faria uma breve mudança de rumo, dirigindo uma fábula infantil, Tusk.

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