Cinema
Jogaram o documentário do Killing Joke no YouTube
The death and ressurrection show foi dirigido por Shaun Pettigrew, saiu em 2013, foi exibido no Brasil numa edição do festival In-Edit e resume a trajetória de uma das bandas mais polêmicas do pós-punk. o Killing Joke. Não é apenas um documentário sobre a banda: Shaun foi fundo nas obsessões do líder do grupo, Jaz Coleman. O comandante do grupo tem paixão por ocultismo, runas, numerologia, rituais (o que explica o fato de Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, ser um dos entrevistados do filme). Discorre sobre esses assuntos com voz grave, sempre descrevendo detalhadamente o que acontecia quando alguma força oculta invadia algum show do Killing Joke, ou quando ele participava da invocação a algum deus, ou algo do tipo.
A novidade é que The death, que tem duração bem extensa (duas horas e meia), tá inteirinho no YouTube. Pena que sem legendas em português (tem em inglês, pelo menos).
Nas duas horas e meia do filme, o fã do KJ é convidado a conhecer a história bastante acidentada da banda. O grupo teve algumas mudanças de rota bem no comecinho da carreira: partiu do pós-punk para o som gótico, tangenciou o industrial e o heavy metal, e fez sucesso com músicas como Eighties e Love like blood, definidas no filme como canções das quais todo mundo podia gostar, da galera pós-punk aos metaleiros. No caso da primeira, rolaram ecos em Seattle: o Nirvana ouviu, deu uma chupada no riff de abertura e compôs Come as you are. O assunto “plágio” não aparece muito no filme, por sinal – surge só numa entrevista antiga de Jaz e num papo com o produtor da faixa, Chris Kimsey.
Jaz é retratado como um sujeito criativo, polêmico e problemático. Em 26 fevereiro de 1982 (por sinal seu aniversário de 32 anos), com o KJ fazendo sucesso, sentiu que o apocalipse estava chegando e se mandou para a Islândia, abandonando a banda com vários projetos em andamento. Foi para lá com o guitarrista da banda, Geordie, meditar e participar de rituais, e acabou se envolvendo com mais projetos musicais.
No filme, pessoas do meio musical dizem que essa “deserção” acabou fazendo com que muita gente passasse a estigmatizar o Killing Joke – muito embora a banda ainda estivesse para entrar em sua fase de maior sucesso. Em 1980, já haviam provocado polêmica ao divulgar uma turnê com um pôster que trazia um sujeito muito parecido com o Papa Pio 12, cercado de nazistas. Na verdade era um abade alemão nazista chamado Alban Schachleiter, mas isso não fez diferença e o KJ foi banido até de alguns shows.
Jaz, no filme, aparece detalhando experiências fora-do-corpo que viveu em shows da banda e ri ao recordar os momentos em que mais se envolveu em polêmicas. Também é exibido num extenso e desconcertante material de arquivo. Numa das entrevistas antigas, ele e o baixista Paul Raven aparecem batendo um papo com Paula Yates no musical The Tube, falando sobre o single Love like blood. Logo no comecinho, Jaz irrita-se com a conversa de um casal ao lado, e manda os dois calarem a boca.
Assista aqui: