Cultura Pop
Jogaram documentário sobre Parliament-Funkadelic no YouTube
Exibido em 2005 pela NBC, Parliament-Funkadelic: One nation under a groove é um documentário que explica em pouco mais de 50 minutos o que representou – e representa até hoje – a mistura de funk, rock, psicodelia e afrofuturismo criada pelo músico americano George Clinton.
A história é contada desde o comecinho: o projeto de adolescência de Clinton, The Parliaments, fazia doo wop, seus integrantes se conheceram numa barbearia em Plainfield, Nova Jersey (era o local em que a turma cuidava do visual) e se inspiravam num dos primeiros grupos afroamericanos ligados ao universo do rock’n roll, Frankie Lymon & The Teenagers. Os colegas de George dessa época são entrevistados no filme, que foi feito para uma série da NBC chamada Independent lens, só com cineastas independentes falando sobre os mais variados temas. O do Parliament-Funkadelic foi dirigido por Yvonne Smith.
A novidade é que One nation under a groove foi jogado no YouTube, na íntegra. Veja logo antes que tirem do ar.
Uma das faces mais interessantes de Clinton que o documentário exibe é a de empreendedor. Ou de criador do próprio universo, você escolhe.
George criou dois grupos diferentes – o Parliament fazendo um funk mais formal, o Funkadelic mais psicodélico – praticamente usando a mesma equipe em ambos. Uniu influências de James Brown (Bootsy Collins, baixista de ambos os grupos, vinha da banda do rei do soul) a toques lisérgicos de nomes como Jimi Hendrix e Vanilla Fudge.
No caso desse último, houve certa aproximação no fim dos anos 1960: os Parliaments iam dividir o palco com eles e ficaram sem equipamento. O Vanilla, uma banda branca de soul psicodélico, emprestou o equipamento deles para o Parliament sem problemas – e era uma aparelhagem caríssima e bem acima das posses de Clinton e seus amigos naquele momento. Bandas pré-punk como MC5 e Stooges também costumavam dividir o palco com os projetos de Clinton em shows dados em Detroit.
Clinton era do tipo que ensaiava e criava coisas 24 horas por dia (“dormíamos no estúdio”, diz um entrevistado), e ainda montou outros projetos, como The Brides Of Funkenstein e P-Funk All Stars. O imperador do funk psicodélico considerava-se acima de assuntos corriqueiros como ciumeiras entre gravadoras: o Parliament passou por vários selos e ficou na Casablanca, e o Funkadelic era contratado da Warner.
Com o tempo, foi dando problema: alguns integrantes deixaram o núcleo por divergências com o chefe, os excessos foram tomando conta do dia a dia dos dois grupos, e Clinton decidiu lançar seu próprio selo, mas esbarrou num crise violenta em que todas as gravadoras estavam tendo problemas. De qualquer jeito, foi em frente, influenciou uma turma enorme e deu a volta por cima após os anos 1980, com vários hits. Hoje, o músico está afastado dos palcos – uma decisão que já havia tomado em 2019, antes da pandemia.