Cultura Pop

Jerry Lee Lewis gravando com (e apavorando) os cabeludos do rock dos anos 1970

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Em 1972, após alguns anos fazendo fama no circuito de country, Jerry Lee Lewis estava de volta ao rock. Lançou os discos The killer rocks on e Who’s gonna play this old piano? naquele mesmo ano, e estourou com sua releitura de Me and Bobby McGee, de Kris Kristofferson. Aliás, mais do que gravar rock, Jerry voltou disposto a levar o estilo de vida de um grande rockstar, com festas de arromba todas as noites e dinheiro sendo gasto a rodo. E aproveitou bastante a certa onda de nostalgia que o rock, então uma arte bem jovem, estava tendo naquele começo dos anos 1970.

Estaria tudo mais ou menos bem se não fosse um certo conflito de gerações vivido por Jerry, um rocker das antigas cuja homofobia apitava toda vez que via qualquer rapaz de cabelo comprido. Jerry foi fazer um show no Wembley Stadium, em Londres, e ficou meio chocado ao ver nos bastidores um rapaz magrelo que portava uma câmera e trazia todos os discos de Jerry ali, com ele. E ah, o tal cara esperava que o killer autografasse todos os álbuns. O rapaz era Mick Jagger, mas isso não tinha a menor importância para Lewis. “Disse a ele: ‘Não, eu não vou autografar todos esses discos!'”, reclamou na lata.

Bom, apesar desses problemas e conflitos Jerry e sua gravadora, a Mercury, reuniram uma turma de músicos “jovens” para acompanhar o cantor e pianista num de seus discos mais (digamos assim) pop. O duplo The session – Recorded in London with great guest artists (1973) foi gravado entre os dias 8 e 11 de janeiro e tinha Jerry acompanhado de guitarristas como Alvin Lee (Ten Years After), Delaney Bramlett, Mick Jones (futuro Foreigner), Rory Gallagher e Peter Frampton. E de bateristas como Kenney Jones (Faces, The Who), baixistas como Klaus Voorman e John Gustafson  ia por aí.

Não se tratava de um momento de humildade de Jerry, não. Livros como a biografia Jerry Lee Lewis: His own story, de Rick Bragg, entregam que foi sofrido para todos os que estavam no estúdio com o cantor, já que Jerry estava sempre calibradaço e disposto a humilhar todos os “colegas” na gravação. Anos depois, Jerry diria que não era nada disso, que os músicos eram todos caras legais e que “só precisavam de um jeitinho”, mas na hora foi brabeira. De qualquer jeito, o disco fez sucesso e continuou mantendo Lewis num sucesso enorme e solitário – mais ou menos como ele já vinha passando durante o período em que se dedicou ao country.

Tá aí o disco. Um dos maiores hits do álbum foi uma música de Charlie Rich, No headstone on my grave, sobre um cara que está na hora da morte e promete reencontrar sua mãe “em pouco tempo”.

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