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Já ouviu falar da Help Musicians UK?

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Com raras e honrosas exceções, o músico brasileiro não tem para onde ir. Trabalha feito um maluco, não leva vida de popstar e em vários casos, passa dificuldades e problemas de saúde na velhice. Muitas vezes precisa deixar de trabalhar porque, com a idade, não aguenta mais o tranco de partir em turnê, ou o corpo não responde da mesma forma ao próprio serviço. Trabalha enquanto as pessoas se divertem, muitas vezes não tem plano de carreira ou benefícios e, dependendo do caso, ainda precisa se dividir em vários trabalhos – e ficar de olho na agenda para as datas de turnês, shows e gravações não baterem. Sofre as consequências das mudanças de modas e ciclos do mercado – o que significa basicamente que aquele velho ditado da vovó, de que “dia de muito é véspera de nada”, será seu melhor amigo por toda a existência profissional. Enfim, não se trata de uma vida das mais fáceis, e em nenhuma de suas fases. Não é uma profissão mole de entrar, não é mole de continuar, muito menos é mole de sair de maneira digna.

Se no Brasil a gente lê a toda hora sobre músicos que contam com a ajuda de amigos para tratamentos, ou outras situações horrorosas, na Inglaterra tem uma galera bastante atenta a esse tipo de situação. A Help Musicians UK existe, segundo suas próprias palavras, para oferecer “apoio positivo para músicos novatos, profissionais e em aposentadoria, de qualquer gênero”. Ajudam financeiramente (a partir de doações) aspirantes que não têm dinheiro para estudar formalmente, dão apoio a músicos idosos que precisam de cuidados especiais e – olha só – fornecem suporte, inclusive psicológico, a profissionais que estão em plena atividade e se encontram em crises pessoais. Ou depressão.

A propaganda lá de cima apareceu num dos números mais recentes da revista Mojo, e foi compartilhada no Facebook por Thomas Pappon, integrante do grupo paulistano Fellini. O cara da foto é Matt Deighton, ex-guitarrista da banda britânica Wolfhounds e atualmente músico solo (gravou um disco em parceria com Chris Difford, do grupo new wave Squeeze). Ele foi diagnosticado com transtorno bipolar, o que fez com que se afastasse da música. Teve também problemas cardíacos. Topou contar sua história num dos vídeos da associação, ao lado de outros artistas (apenas em inglês).

https://www.youtube.com/watch?v=To0WazkDPjg

O apoio a músicos jovens que passaram por problemas de saúde e encontram-se impossibilitados de trabalhar também é uma bandeira da Help Musicians UK – que existe desde os anos 1930 mas adotou esse nome apenas em 2014. O HMUK ainda tem parceria com a Women In Music, que trabalha com a formação e o lançamento de novas musicistas na Grã-Bretanha e na Irlanda do Norte.

Eles também têm um projeto chamado “patrocine uma nova estrela”, para quem quiser depositar um dinheiro e ajudar novos artistas. Quem quiser pode também se oferecer como voluntário. Se algum músico estiver passando por uma crise pessoal, ou pretende ajudar algum amigo que esteja com problemas, pode ligar para a associação em sigilo – o que significa que vários casos de depressão, abuso de drogas ou de propensão ao suicídio poderiam ser resolvidos por um grupo como este. Quem se aliou ao grupo foi ninguém menos que Noddy Holder, vocalista do Slade.

Por sinal, eles têm também outro projeto chamado Music and depression, que trata justamente da grande incidência de crises depressivas entre músicos. Matt, o cara lá de cima, também é garoto-propaganda desse programa. Fica a pergunta: e no Brasil?

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