Cultura Pop

Harry Nilsson, pioneiro dos remixes

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Costumeiramente mais lembrado como o cantor de Everybody’s talkin e como grande amigo de John Lennon (em especial) e Keith Moon, o cantor americano Harry Nilsson geralmente nunca é lembrado como um dos pioneiros dos… discos de remixes.

A prática de alterar volumes, regravar uma coisa ou outra, dar aquele trato na mixagem e colocar uma batida mais (ou até menos) dançante virou mania mesmo nos anos 1980, com praticamente um remix sendo lançado atrás do outro. You can dance (Madonna), bateu recordes de vendagens em 1987, por exemplo.

A onda bateu em gêneros díspares como o rock brasileiro, a MPB, a house music e a disco music, e hoje em dia todo mundo lembra de pelo menos um remix que se tornou até bem mais ilustre (e melhor) do que a canção que o originou. Mas tem muita gente séria que diz que a prática de lançar LPs inteiro com remixes começou mesmo quando Nilsson decidiu pegar canções de seus dois primeiros discos lançados pela RCA, que estavam fora de catálogo, dar aquele tratinho no estúdio, e lançar Aerial pandemonium ballet, em junho de 1971.

MUDANDO VOCAIS 

O título Aerial pandemonium ballet era um trocadilho com os nomes dos discos Pandemonium shadow show (1967) e Aerial ballet (1967). Os dois LPs apontavam mais para o pop barroco que tinha virado mania no fim dos anos 1960 (com evidente influência dos Beatles). Aerial ballet era o disco de Everybody’s talkin, que por sinal era o único cover do disco – havia sido feita pelo compositor americano Fred Neil. Apesar de ter sido o sucesso que redefiniu a carreira de Nilsson e o jogou nas rádios, a canção não estourou de cara e só foi dar certo de verdade quando entrou para a trilha sonora do filme Perdidos na noite (1969).

Nilsson considerava a qualidade de gravação de algumas faixas dos dois discos já meio datadas. Ele e o produtor Rick Jarrard incluíram novos vocais em Daddy’s song, Without her e Together, meteram uma segunda voz em Everybody’s talkin, editaram One (que perdeu trinta segundos) e colocaram vinhetas de introdução e encerramento.

Aerial pandemonium ballet chamou a atenção da crítica e recolocou faixas mais antigas de Nilsson no mercado, num momento em que o cantor estava muito bem de vendagens e estava investindo em discos conceituais e multimídia como The point! (1970), uma fábula que chegou a ser acompanhada de um desenho animado feito para a televisão.

Morto em 1994, Nilsson gravou álbuns até 1980, e passou por momentos em que a carreira musical ficou a patinar, em meio a problemas pessoais e à dependência do álcool. Mas deixou uma discografia que merece ser maratonada.

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