Crítica

Ouvimos: Foxwarren – “Foxwarren 2”

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RESENHA: Foxwarren constrói seu segundo disco à distância, em clima lo-fi e onírico, com colagens sonoras que misturam Joni Mitchell, ABBA e Pink Floyd.

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Não fosse pelo fato de samples serem algo bastante acessível nos dias de hoje – e não traquitanas caras e com usabilidade complicada – discos como Foxwarren 2 jamais teriam sido feitos. Andy Shauf, Dallas Bryson, Colin Nealis e os irmãos Avery e Darryl Kissick, espalhados em quatro lugares diferentes, basicamente construíram o disco em suas próprias salas de gravação, inserindo material à distância numa pasta compartilhada.

Se por um lado, esses trabalhos remotos são comuns no dia de hoje, por outro a distância acaba se tornando um integrante a mais desse tipo de projeto. Foi o que rolou, por exemplo, em Tall tales, disco de Mark Pritchard & Thom Yorke, feito durante cinco anos de trocas virtuais – mensagens, conversas no Zoom – e sem um único encontro presencial.

Foxwarren 2 tem a mesma onda de colagem sonora, o que muitas vezes pode tornar tudo desnorteador até demais. Mesmo em momentos de beleza como Dance, balada levada adiante pelo piano, e com emanações de Joni Mitchell e Laura Nyro. Ou em Serious, canção sixties, com clima meio psicodélico, lembrando as ondas cinematográficas do começo do Pink Floyd. Tudo soa “distante”, como fantasmas de outra dimensão.

Um lado dançante surge em Deadhead, com riff de guitarra à frente, piano e flauta conduzindo a faixa, e algo de Prince. Round&round é uma faixa curta que poderia ter ficado maior: um r&b indie com ares de ABBA, Beach Boys e Stereolab. O pop elegante e barroco comanda faixas como Dress, Slepping, Strange e Listen2me.

Yvonne, uma das mais brilhantes do álbum, é um som praiano e solar, mas discreto – como a musica de uma praia distante, deserta e misteriosa. Enquanto Wings surge com climas lo-fi e heranças musicais da era disco, com cordas patinantes. Um disco em que você vai passando pelas músicas como quem muda de canal, ou procura um filme para ver no streaming, e acaba escutando trechos de diálogos enquanto decide o que ver.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Anti/Arts and Crafts
Lançamento: 30 de maio de 2025.

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