Cultura Pop

Quem é quem (e o que é o que) na ficha técnica de Ziggy Stardust, de David Bowie

Published

on

The rise and fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars, clássico de David Bowie que chega aos 50 anos no dia 16, não nasceu sozinho, não criou bracinhos e perninhas e foi andando até as lojas de discos e rádios. A RCA mandou distribuir o disco após um tempinho de trabalho de Bowie no estúdio Trident, em Londres – mas vale dizer que a equipe foi reduzida e o material feito pelo cantor sofreu poucos acréscimos. De qualquer jeito, se você sempre quis saber quem fez o que (e quem é quem) em Ziggy Stardust e sempre teve preguiça de pesquisar, resolvemos seu problema.

DAVID BOWIE. Ora, ora, claro que você sabe quem é David Bowie e qual foi seu papel em Ziggy Stardust: ele cantou, criou o personagem e compôs as músicas. No álbum, ele toca violão e guitarra base, e também fez um solo de saxofone, em Soul love.

MICK RONSON. Tocou guitarra (claro) no disco, piano (em faixas como Lady Stardust e Star) e dividiu os arranjos com Bowie. São de Ronson os arranjos de cordas de faixas como Rock’n roll suicide.

TREVOR BOLDER. Baixista.

MICK WOODMANSEY. Baterista.

KEN SCOTT. O produtor do disco havia trabalhado como técnico de som em discos dos Beatles (como o Álbum branco de 1968) e também tinha feito a engenharia de gravação de David Bowie (1969) e The man who sold the world (1970). Estreou como produtor no disco Hunky dory (1971) a pedido de Bowie, cujo primeiro contrato com a RCA era tão na base do “vai que cola”, que a gravadora não se importou que ele produzisse o disco sozinho – mas ele não se sentia preparado e dividiu os trabalhos com Ken.

Scott agradou Bowie, o empresário do cantor, Tony Defries e a RCA, tanto que foi chamado para produzir Ziggy Stardust. “Co-produzi quatro álbuns com Bowie e 95% dos vocais foram de primeira tomada, sem ajuste automático, sem recortar e colar.  O que você ouve nesses discos é o que ele fez uma vez. Ele era absolutamente surpreendente. Provavelmente o melhor vocalista com quem já trabalhei”, contou Ken.

TRIDENT STUDIOS. Considerado por bandas de rock e pop como “o local” para gravar discos e singles que atingiam as paradas, o estúdio londrino em que Bowie gravou Ziggy havia sido montado em 1967 por Norman Sheffield, baterista do grupo The Hunters, e seu irmão Barry. A casa já usava máquinas de última geração e redutor de ruídos Dolby desde o comecinho, e até 1973 seria uma espécie de estação de trabalho de Bowie (que gravaria também Aladdin Sane por lá).

BRIAN WARD. O fotógrafo que clicou as fotos da capa de Ziggy já trabalhava com Bowie havia um tempinho – foi ele quem fez as fotos do trabalho gráfico de Hunky dory, por exemplo. Brian tinha feito fotos para discos de Jethro Tull (a estreia This was), Blodwyn Pig (Ahead rings out), além de várias capas da série Hot hits, do selo Music For Pleasure – com aquelas imagens em que apareciam garotas praticando esportes ou posando como modelos. Foi apresentado a Bowie por Bob Grace, diretor da divisão editorial da gravadora Chrysalis. Bowie, sob os cuidados do empresário Defries, tentou arduamente gravar lá, mas teve o disco Hunky dory recusado pelos exigentes donos do selo.

TERRY PASTOR/MAIN ARTERY. Terry, autor da capa do disco, era sócio de ninguém menos que George Underwood, o amigo de escola de Bowie que dera um soco no rosto dele na adolescência (e supostamente modificara a cor dos olhos do futuro astro). Ambos tinham um estúdio de design, o tal do Main Artery, localizado em Catherine Street, Covent Garden, Londres. George, que após as brigas, tornara-se amigo de Bowie, recebera a incumbência de fazer a capa de Hunky dory, mas passou pro sócio.

Pastor acabou fazendo também a de Ziggy Stardust. Seu trabalho consistiu em retocar as fotos de capa e contracapa (diz ter dado o tom turquesa do macacão que Bowie estava usando nas imagens, e que originalmente era meio acinzentado, meio esverdeado). Também acrescentou logotipo e demais letras. Segundo Pastor, como não havia computação gráfica, as letras foram gravadas na capa, como se fossem aquela antiga brincadeira de Transfer.

GEM PRODUCTIONS. O selo de Ziggy Stardust era, como você deve saber, RCA. Mas a GEM Productions era uma produtora e gravadora fundada pelo empresário de Bowie, Tony Defries, em 1969, e o selo aparecia na contracapa do álbum. Aliás, apareceu em praticamente tudo que dizia respeito à vida profissional de Bowie em 1972: relançamento de Hunky dory, singles, etc. Só que naquele mesmo ano, Defries, que – segundo biógrafos de Bowie, como Nicholas Pegg – vinha tomando algumas atitudes bem estranhas em relação aos royalties de seu contratado – brigou com seu sócio na GEM e montou a MainMan, outra empresa, bem maior e mais ambiciosa.

DANA GILLESPIE E RICK WAKEMAN. Apesar de não terem recebido créditos no LP original, a cantora e atriz britânica (amiga de Bowie de longa data) e o pianista participam de It ain’t easy, uma das faixas mais controversas de Ziggy Stardust. Ela foi escrita por um compositor e músico americano chamado Ron Davies, que já foi confundido com Ray Davies, dos Kinks, por alguns jornalistas.

It ain’t easy havia sido gravada originalmente para lançamento em Hunky dory, mas não entrou no disco, e sobrou para Ziggy Stardust como o momento de reflexão pré-fama do personagem – mas muitos fãs de Bowie já deve ter pensado se não seria melhor que Sweet head ou até a versão recauchutada de Holy holy não tivessem entrado no lugar dela. De qualquer jeito, estão lá Dana fazendo backing vocals e Wakeman, outro chapa antigo de Bowie, tocando harpischord (aquele teclado com som de cravo).

TITANIC MUSIC. A editora musical aparece no selo das primeiras edições de Ziggy. É uma afiliada da Chrysalis Music, que passou a deter os direitos editoriais da obra de Bowie assim que ele saiu da Essex Music, sua antiga editora.

ROBERT STACE. Se você pegou a capa original de Ziggy e leu as letras miúdas (eu fiz isso) viu que lá embaixo aparece “impresso na Inglaterra por Robert Stace”. A Robert Stace Co. ou Robert Stace Ltd (como às vezes o nome aparecia nas capas) imprimia capas de discos desde os anos 1950 e mandou fazer e embalar a de Bowie. A empresa é o equivalente, aqui no Brasil, a gráficas especializadas como Van Moorsel Andrade & Cia e Miruna (lembra?).

DYNAFLEX. Na contracapa da primeira edição brasileira de Ziggy, de 1972, a RCA informa que usou esse sistema de fabricação de discos para mandar o vinil para a fábrica. O Dynaflex havia sido introduzido pela empresa nos EUA em 1969 para fabricar vinis menos grossos e com menos uso de material – e por consequência, com fabricação menos cara. Supostamente gera reproduções “mais silenciosas e suaves” e com menos ruído, mas muitos consumidores reclamavam. No Brasil, a RCA usou bastante o formato até meados dos anos 1970, inclusive em discos de nomões da gravadora, como João Bosco, Antônio Carlos & Jocafi e Luiz Gonzaga.

Trending

Sair da versão mobile