Crítica

Ouvimos: Fernando Motta – “Movimento algum”

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RESENHA: Fernando Motta explora guitarras pesadas, climas etéreos e experimentação em Movimento algum, disco sonhador e cheio de atmosferas.

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Com quatro álbuns lançados (o quarto é justamente este Movimento algum), o mineiro Fernando Motta pode tranquilamente ter seu som colocado na gaveta do shogaze. Mas sua carreira vem sendo desenvolvida mais na busca de um guitar rock experimental e repleto de climas diferentes, que nem sempre cabe em rótulos prontos. Discos como Desde que o mundo é cego (2017) e Ensaio pra destruir (2017) vão para diversos lados, sempre tendo o experimentalismo e a criação de atmosferas sonoras como armas.

Movimento algum, por sua vez, já pega pesado nos paredões de guitarra, mas sempre com um tom sonhador, como na abertura com Volver e no tecnorock de Elegia – esta, com participação do Paira. Já Especial é uma balada enevoada, aberta com guitarra, bateria chapada (e quase tecno) e um vocal com eco – chegando a ter um tom pinkfloydiano no final.

  • Leia também as resenhas do EP01 do Paira (aqui) e de Natural, álbum do Terraplana (aqui) – ambos participando do álbum de Fernando Motta.

Ladrilhar divide-se em guitarras e tom folk, mas com clima nublado. O piano circular e o “som” de vento vão quase transformando a faixa numa valsa shoegaze, que lembra um filme antigo com película envelhecida. Uma musicalidade continuada na faixa posterior, Espelho, que vai devagar transformando o som em psicodelia, e que chega até a onda sonora de Pêndulo, encerramento do disco – faixa lenta, de parte instrumental extensa, com um piano que dá um ar sonhador à faixa. E algo de pós-hardcore surge nas variações rítmicas de Epíteto.

Uma grande surpresa no disco é Água-forte, gravada em parceria com o Terraplana – começa com um riff quase tecno, de beleza estranha, e vai se transformando num vendaval de ruídos. Peso, experimentação e atmosfera, como em todo o disco.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: 11:59pm / Meia-Noite FM
Lançamento: 27 de maio de 2025.

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