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Faustão fora da Globo: descubra agora
A Band mantém registrada a marca Perdidos na noite, programa que Fausto Silva apresentou lá entre 1986 e 1988, antes de ir para a Rede Globo apresentar o longevíssimo Domingão do Faustão, que dura só até o fim deste ano. Ainda assim, como você deve saber (até porque já falamos disso), o Perdidos não começou na Band – emissora para a qual Faustão já anunciou que irá retornar.
O programa começou em 1984 na TV Gazeta, para onde Faustão foi levado por ninguém menos que Goulart de Andrade. O apresentador do Comando da madrugada havia ido fazer uma reportagem no Balancê, programa de rádio que Faustão tinha na Excelsior. Na época, o programa tinha auditório, várias entrevistas, DJ, dois humoristas (os mesmos Tatá e Escova que Faustão teria como quadro fixo no Perdidos na noite, na Gazeta, Record e Bandeirantes). E era transmitido de um estúdio montado na Palhaçaria Pimpão, em Santa Cecília, São Paulo. Goulart sugeriu a Fausto Silva que levasse o programa para a TV Gazeta, e acabou dirigindo a atração, que ia ao ar sábado de noite.
Com o sucesso do Perdidos na noite – e a necessidade de uma estrutura melhorzinha – Faustão se mandou para a Record ainda em 1984, e para a Band em 1986. Mas todas as “gestões” ficaram marcadas pelas gozações que Faustão fazia com o próprio programa, sempre informando o que estava passando nas emissoras concorrentes e sacaneando as falhas técnicas da atração. Fausto Silva também incomodava bastante a moribunda censura: a Band chegou a ser multada porque ele soltou no ar a frase “eu sou do tempo em que comer na escada era coisa de pedreiro ocupado”.
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A audiência era boa, tanto que volta e meia o apresentador falava: “Olha aí, Boni (o todo-poderoso da Globo), estamos encostando em vocês”. O Perdidos também tinha diversidade musical: nomes como Paralamas do Sucesso, Mercenárias, Legião Urbana, Tonico & Tinoco, Milton Nascimento, Fábio Jr e Ney Matogrosso estiveram no programa. Sempre tocando ao vivo (o “quem sabe faz o vivo” nasceu lá).
Por causa do sucesso, Faustão virou um dos maiores salários da televisão brasileira, antes mesmo do Domingão. Incomodou tanto a Globo que a emissora, no vácuo da morte de Chacrinha – e num período durante o qual Gugu Liberato quase virou um global – deu a Faustão a incumbência de levantar os domingos. Rolou por trinta e poucos anos.
E seguem aí nove recordações da época em que o apresentador deu belos sustos na emissora que o contrataria depois.
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LEGIÃO URBANA. As apresentações do grupo no programa sempre eram bastante discutidas vários dias depois entre fãs e convertidos. Isso aí é o grupo tocando Teorema em 1986 no Perdidos, com som levemente prejudicado, e Renato Russo afirmando a Faustão que gostava de “música renascentista” e que do rock nacional ouvia Fellini, Finis Africae e Capital Inicial.
PUNK. Com pouco espaço nas rádios e nas grandes gravadoras, a galera dos três acordes era constantemente convidada a ir ao Perdidos. Mercenárias foram lá lançar seus dois discos (Cadê as armas, de 1986, e Trashland, de 1988). Inocentes, rara banda do estilo a conseguir contrato com uma gravadora grande, foi lá. Grupos como Ratos de Porão e Garotos Podres também apareceram no programa.
DESTROYER KISS. O grupo dos quatro mascarados só tinha vindo ao Brasil em 1983, pouco antes de tirarem as máscaras. Em compensação, quem apareceu por lá em 1985 foi uma das mais longevas bandas cover do Kiss, usando as mesmas roupas e maquiagens da época do disco Destroyer (1975). Não havia quadro para “bandas cover” no Perdidos, aliás as coisas aconteciam realmente na espontaneidade ou quase isso – certa vez uma banda apareceu no teatro onde a atração era gravada, munida de instrumentos, pedindo uma chance. Foram para o palco.
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DOMINÓ. Atrações bastante pop, que vendiam muitos discos e apareciam em programas de TV realmente mainstream, volta e meia apareciam no Perdidos. Até mesmo o Dominó, boy band exaustivamente promovida por Gugu Liberato, esteve no palco do programa.
https://www.youtube.com/watch?v=djxPseQjiQQ
TONICO E TINOCO. Nos anos 1980, a dupla caipira mais longeva do Brasil estava completando 52 anos com uma semana de shows, conversas e exibições de filmes em São Paulo. Foram anunciar a novidade no Perdidos, com direito a conversas sobre a modernização do sertanejo e a homenagens à mãe dos dois irmãos (viva, com 95 anos naquela época).
TIM MAIA. O cantor esteve numa edição de aniversário do programa no Anhembi, em São Paulo, em 1988. Cantou sucessos e deu uma entrevista bastante simpática. Aliás, ironicamente, foi Tim quem ouviu Faustão reclamar do som do retorno, e não o contrário. Pouco antes dessa edição do Perdidos, Sergio Dias (Mutantes) tinha dado uma entrevista reclamando do rock brasileiro e isso virou o assunto da conversa.
https://www.youtube.com/watch?v=qWLs21kltqw
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FAUSTÃO NO CIRCO VOADOR. Pois é, teve isso. Em 25 de novembro de 1986 rolou o Perdidos no Circo e gravaram o programa direto da casa de shows da Lapa, em comemoração aos dois anos da atração. A lista de artistas seguiu o esquema maluco e variado do Perdidos: teve RPM, Legião Urbana, Fagner, Leo Jaime, Zeca Pagodinho, a bateria do Império Serrano, o compositores de sambas Chico Roque (que lançava disco) e a atriz de novelas da Globo Élida L’Astorina, que se lançava como cantora. Aliás até mesmo as redes do Circo já postaram a respeito.
SAFENADOS E SAFADINHOS. Faustão, em altíssima na Band, teve uma ideia: fazer um programa unindo duas classes que, na visão dele, eram marginalizadas. “Falta criatividade nos programas infantis e os velhos são sempre mostrados na televisão doentes, em asilo ou em baixo astral”, reclamou o apresentador e criador do Safenados e safadinhos, que foi ao ar pela primeira vez em 29 de julho de 1987. O programa não tinha sorteios nem quadros fixos, e levava só gente com menos de 15 anos e mais de 50. Mas a audiência não garantiu a sobrevivência da atração. No vídeo abaixo, Faustão assusta a galera do grupo de pagode mirim Toca do Coelho.
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TEMAS DE ABERTURA. No começo, durante um período curto, o tema de abertura do Perdidos era um trecho do manjado tema do filme Os caça-fantasmas, composto por Ray Parker Jr. Mas quando o programa foi para a Band, um futuro clássico da ítalo-disco entrou na abertura, Tarzan Boy, maior sucesso do grupo italiano Baltimora. A música fazia parte do primeiro disco do grupo, Living in the background (1985). O Baltimora ainda teve hits menores, como Woody boogie, mas acabou em 1987, antes da ida de Faustão para a Globo.