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“Eu quero tocar a Lapa”: e o single novo do Black Future?
O compacto Eu quero tocar a Lapa marca a volta discográfica do Black Future, banda cujo único álbum, Eu sou o Rio, saiu em 1988 pelo antigo selo Plug (da antiga RCA, hoje Sony Music). A união de samba, pós-punk, hip hop, funk e MPB setentista do grupo encabeçado por Tantão e Marcio Bandeira explodiu feito um carro-bomba no rock nacional da época: o grupo era estranho demais para encontrar lugar no mainstream, o disco vendeu pouco (e era complicadíssimo de encontrar nas lojas) e o BF virou quase uma entidade, volta e meia evocada pelo Planet Hemp – que citou a banda na música Fazendo sua cabeça – ou por antigos fãs.
Eu sou o Rio nunca foi reeditado – volta e meia é possível encontrar CDs fanmade por aí. Um tempo atrás, uma gravadora procurou a Sony para fazer um reedição em vinil, e ouviu de algum executivo da empresa que o relançamento do álbum do Black Future estava sendo guardado para um projeto especial – que não rolou até o momento, diga-se. Em 2016, a banda revelou num papo com o antigo programa de rádio Geleia Moderna (da Roquette Pinto FM, do Rio) que a música tem relação com o primeiro álbum. Além de ser uma espécie de continuação da faixa Eu sou o Rio, chegou a haver a ideia de lançá-la para ativar uma possível reedição do disco. Passou tempo e só agora sai o single, definido pelo comunicado de lançamento como “uma canção-síntese da relação do Black com o espaço urbano em que surgiu e se criou”.
A música também tem relação com o documentário Eu sou o Rio – Black Future, de Paulo Severo, lançado recentemente no festival In-Edit – a versão definitiva foi gravada para o filme. A faixa, construída em clima de samba-hard-funk psicodélico (com ritmo marcado por tamborim e riff de guitarra) cita habitués da Lapa histórica como Miguelzinho Meia-Noite, além de nomes de ruas do bairro carioca.
Além de Marcio nos vocais e Tantão nos teclados, a faixa contou com a participação de Edinho Milesi (o histórico DJ carioca Edinho) na guitarra e Olmar Junior no baixo. O single sai pela CopaSoul Discos. Num papo com o site Trabalho Sujo, do jornalista Alexandre Matias, Paulo Severo diz se animar com a possibilidade de um novo interesse no grupo permitir não apenas o relançamento do disco, mas também dos clipes que fizeram nos anos 1980. Um deles, justamente o de Eu sou o Rio, está no YouTube.