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Teve isso: El Bienamado, a versão mexicana de O Bem Amado

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Em 2017 (não faz nem muito tempo, enfim), o México, país em que o povo ama telenovelas, passou seis meses assistindo à novela O bem amado. Aquela mesma, do Dias Gomes, que está no catálogo da Globoplay. Mas foi uma versão bastante particular da trama, já que ela se chamou El Bienamado, foi adaptada para o canal Televisa por Kary Fajer e Jimena Sarez, e passou por uma cirurgia plástica para fazer certo sentido para o povo mexicano.

O Odorico Paraguaçu interpretado originalmente por Paulo Gracindo mudou de nome para Odorico Cienfuegos Montano (e foi interpretado pelo bigodudo Jesus Ochoa).  As irmãs Cajazeiras, apaixonadas por Odorico, se transformaram nas irmãs Samperio, e duas delas foram interpretadas por atrizes conhecidas aqui no Brasil. Chantan Andere, a Justina Samperio, trabalhou em Marimar e a Usurpadora. Nora Salinas, a Dulcina, foi a Tia Perucas, de Carinha de anjo.

Ao contrário do que acontece com Vale todo, a versão latina da novela brasuca Vale tudo, que está quase toda no YouTube, El Bienamado só tem algumas cenas importantes no canal de vídeos.

Apesar das mudanças em nomes, sobrenomes e etc, muita coisa da novela foi mantida sem muito problema. A história em torno do cemitério da cidade continuava a mesma na versão mexicana, por exemplo. Existiu um Zeca Diabo na trama, só que com o nome de Chuy Diablos – e era interpretado por Francisco Gattorno. Telma, filha de Odorico (Sandra Brea no original), virou Valeria e foi interpretada pela costarriquenha Mariluz Bermudez. O dr. Juarez Leão, médico de Sucupira (Jardel Filho no original) mudou de nome para Leon Serrano e foi para a pele do ator mexicano Mark Tacher.

Aliás, nem sequer havia mais Sucupira: a pequena cidade de El Bienamado se chamava Loreto. E por sinal esse município existe de verdade – tanto que a trama foi gravada lá mesmo. A Loreto da vida real é uma cidade turística, no estado de Baja California Sur, que recebe americanos loucos para praticar pesca desportiva.

O diretor Gabriel Vasquez Bulman garantiu nessa entrevista aqui que, apesar da novela mostrar uma cidade atrasada e parada no tempo, os moradores curtiram a ideia e a emissora esperava que o turismo local fosse incentivado. “Tem muita gente aqui que nos ajuda com transporte, hospedagem, alimentação”, contou ele, que também convidava moradores para atuarem como figurantes.

A novela sequer era passada nos anos 1970 – era nos dias atuais mesmo. Ainda assim, havia transporte com mulas e charretes, ônibus antigos que não circulavam há décadas, e os personagens não usavam celular. Sem problemas: o diretor disse que a ideia era garantir um tom de farsa para a história. “Tivemos muito cuidado com a imagem de Loreto, sim, é um fato, de forma alguma estamos dizendo que é um lugar atrasado”, disse. “Nossa ideia não é insultar o local”.

Seja como for, nem todo mundo curtiu a novela: o site Blasting News colocou El Bienamado em nono lugar numa eleição de piores novelas mexicanas da primeira década do século 21. “Parece que os personagens estavam num desenho animado”, escreveram.

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