Crítica
Ouvimos: Dom Salvador – “JID024”
RESENHA: Dom Salvador se junta a Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad no álbum JID024: soul, psicodelia, samba e afropop num disco cheio de musicalidade e resistência.
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Gravado em colaboração com os músicos e produtores Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad, JID024 é o disco que leva o músico brasileiro radicado nos Estados Unidos Dom Salvador para conhecer o método de construção de canções do selo Jazz Is Dead – comandado por Adrian Younge. Discos que Adrian gravou com Hyldon, Marcos Valle e solo mostram que são produções cheias de musicalidade, ousadia e despojamento.
JID024 faz a mescla musical de Dom se encontrar com a mistura de Adrian e Ali. Essa pororoca musical gera sons psicodélicos e orgânicos como Os ancestrais, levado adiante por percussão de boca e vocais (soando como uma gravaçãoantiga da Odeon, por sinal) e Não podemos o amor parar, soul-samba-jazz naturalista que lembra algo perdido de Cassiano, cuja letra se resume aos versos “tem um tempo pra sentir / tem um tempo pra tocar / tem um tempo pra lutar / não podemos o amor parar”, e que serve como um hino de resistência.
As estações e Música faz parte de mim, por sua vez, são monumentos ao antigo easy-listening brasileiro, sonoridade a qual Dom Salvador acrescentou inúmeros elementos. Sons ligados ao afropop dominam o reggae Safira e a disco music Eletricidade. Já Minha melanina tem cara de MPB-soul oitentista, uma época que Dom só viveu de longe, por estar fora do Brasil. Um disco perfeito para ouvir devagar.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 10
Gravadora: Jazz Is Dead
Lançamento: 11 de julho de 2025