Cinema

Divine e Grace Jones em Blade Runner: quase rolou

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Blade Runner, filme de 1982 dirigido por Ridley Scott (e que possivelmente você já viu) desfruta de um papel no cinema equivalente ao (olha só!) dos Pixies na música pop. É um filme cultuado, que não foi exatamente um grande sucesso na época em que chegou ao público. Mas é quase impossível imaginar o cinema dos anos 1980 sem a distopia futurista dele – e sem ele, muita coisa que veio depois em cinema, games e até música jamais teria acontecido.

O que muitos fãs do filme não fazem ideia é que o elenco poderia ter sido acrescido de mais dois nomes. Tanto Grace Jones quanto Divine viraram opções para trabalhar no filme. Sendo que a primeira foi convidada, mas recusou. E Divine passou por uma experiência um tanto ruim com Ridley Scott.

Grace, na época, estava super envolvida com o antenado Jean-Paul Goude, que criou sua imagem icônica de estrela pop. E acabou não topando porque achou que ia rolar treta entre ele e Scott. “Jean-Paul queria que eu só trabalhasse com ele. Principalmente se eu fosse fazer um filme”, recordou, lembrando que disse “não” antes mesmo de ler o roteiro e que, por sua cabeça, passavam dilemas do tipo “vou para Hollywood e vou me vender”. Só que, com o roteiro na mão, ela decidiu ler tudo durante uma viagem a Paris, após já ter recusado o trabalho. E aí bateu aquela bad.

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“Eu simplesmente adorei. Foi ambientado em um universo que visitei muito no meu trabalho e lazer. Assim que pousasse, decidi que ligaria de volta para eles e reverteria minha decisão. Só que foi tarde demais. Da noite para o dia, eles haviam escalado outra pessoa. Eu deveria ter tomado essa decisão, em vez de ser pego na rivalidade de Jean-Paul com Ridley Scott no mundo dos comerciais”, conta ela. Aliás, Grace lamentou não ter visto até aquela época, Os duelistas, filme de 1977 de Ridley, porque aí saberia que era para nem ter pensado duas vezes e aceitado o papel. “Eu disse não sem ler o roteiro, o que foi muito estúpido da minha parte”.

Cantor, ator e travesti (e que preferia ser chamado no masculino), Divine também foi convidado para o filme, mas sua história com Blade Runner foi bem diferente. Seu agente Bernard Jay conta no livro de memórias Not Simply Divine que Divine, pelo combinado, faria uma leitura do roteiro para o próprio Ridley. Voou para Hollywood à própria custa e, ao chegar lá, o diretor lhe pediu que lesse um roteiro diferente do que havia sido combinado. Não pegou o papel.

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“Foi a primeira vez que Divine fez um teste. Mas embora tudo tenha sido organizado em privacidade e com grande cortesia pelo escritório de Ridley Scott, estava uma pilha de nervos”, diz. “Divine ficou imensamente lisonjeado por ter sido abordada. E humilhado por essa experiência. Mais uma vez, fiquei impressionado e orgulhoso da maneira como ele lidou com isso. E muito feliz em notar que ele estava começando a ser levado a sério em seu próprio setor”.

De qualquer jeito, com ou sem Blade Runner, lá se foram Grace e Divine trilhar carreiras diferentes no cinema. A primeira em produções como Na mira dos assassinos, filme da franquia James Bond, e Divine em filmes como Hairspray, de 1988.

Via We Are Flagrant

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