Cultura Pop

Disconet, a Netflix dos DJs

Published

on

Antes de mais nada, se você chegou aqui pensando “opa, onde eu assino?”, calma: o título acima existe apenas para fins de comparação. Nem sequer havia Netflix (muito menos internet) na época em que existia a Disconet, surgida em 1977, e que oferecia o simples, singelo e genial serviço de assinatura de remixes (!) para DJs.

Nos anos 1970, se um DJ quisesse um remix, ele mesmo teria que fazer isso – e preferencialmente, precisaria usar fitas de rolo (!) para remixar faixas, até porque prensar um vinil com um retrabalho em cima de uma música alheia não era das coisas mais moles do mundo, e ainda poderia ser confundido com pirataria. Se alguém quisesse facilitar as coisas, a solução era se virar com aquelas coletâneas de “som contínuo” que gravadoras como a K-Tel lançavam.

Já a ideia do fundador da Disconet, Mike “Captain” Wilkinson, era criar um “serviço com gravações especialmente remixadas, incluindo canções inéditas, bem como medleys de sucessos em discos de vinil de 12 polegadas” (diz aqui). O DJ pagava uma assinatura mensal e tinha acesso a remixes lançados em uma tiragem que ia de mil a 1500 cópias. Wilkinson apresentou o projeto num fórum da Billboard, a ideia agradou, e o lance começou aí. Os primeiros DJs a colaborarem com a Disconet foram Tom Savarese, Bobby Guttadaro, Kevin Guilmet e o próprio Wilkinson.

Hoje você alguns dos remixes e dos sets da Disconet no YouTube. Inclusive alguns clássicos, como o remix de I feel love, de Donna Summer, feito por Patrick Cowley, DJ novaiorquino que se notabilizou como um dos nomões do Hi-NRG (porradaria pós-disco feita para subir o astral das pistas, repleta de sintetizadores e beats alucinantes).

Já nos anos 1980, quem entrou para o time de DJs foi o brasileiro Tuta Aquino. Olha aí um Top Tune Medley produzido por ele em 1986 (os Top Tune Medleys eram uma espécie de revista remixada com as músicas de destaque).

Outros hits dos anos 1980 também passaram pela mão da turma da Disconet, como Breakout, do Swing Out Sister.

Hoje, com a ganância em torno de direitos autorais, talvez isso desse algumas merdas: volta e meia o Disconet soltava remixes com hits de Madonna, na época em que ela já vendia milhões de cópias. Olha aí o de José “Animal” Benitez, feito em 1986.

A ideia do Disconet era tão boa e estava dando tão certo, que o serviço passou a ter concorrentes. Alguns eram bons. Olha aí esse remix de flashback dos anos 1980 que o Ultimix fez em 1986, unido faixas como Rock me Amadeus (Falco), Sledgehammer (Peter Gabriel) e Opportunities (Pet Shop Boys). Detalhe: o Ultimix, fundado em 1985 por um time de DJs da Carolina do Norte, existe até hoje.

O mundo foi mudando e tornando as coisas mais complicadas para esse tipo de serviço – rolavam exigências de gravadoras, problemas com as editoras musicais, etc. O Disconet, por exemplo, existiu só até 1990. Hoje, além dos remixes no YouTube e de poucos sites que contam a história do serviço, há também um grupo no Facebook onde fãs compartilham capas de discos, vídeos, etc. Vale conferir.

 

Trending

Sair da versão mobile