Cinema
Egos, falência, drogas, cinema: como o DeLorean virou lenda
O DeLorean DMC 12 (aquele carro que você conhece do filme De volta para o futuro) suscita muitas discussões, algumas delas absolutamente vazias.
A Vox resolveu, numa de suas excelentes reportagens em vídeo, investigar a origem do automóvel. A equipe foi a um clube de adoradores do DeLorean e viu que muitos deles reclamam de gente que sai falando que “o DeLorean é muito ruim” sem nem conhecer o automóvel direito. E aproveita para esclarecer dúvidas e contar histórias para gente que mal tem ideia de que aquele carro que funcionou como máquina do tempo na franquia protagonizada por Michael J. Fox existiu de verdade.
O DeLoren parecia uma ideia impossível, que surgiu a partir da iniciativa de um cara que parecia conhecer tudo do mercado de automóveis, John Z. DeLorean. Era ninguém menos que o criador do Pontiac GTO, o que deu a ele uma fama de superstar e de quase “bruxo” dentro do meio.
O GTO transformou-se imediatamente em sinônimo de juventude motorizada. A ponto de virar música nas mãos de artistas de surf-rock, como Ronny & The Deltonas e Jan & Dean.
Fora aquela vez em que o carro foi citado em Rock´n roll high school, dos Ramones (“cruising around in my GTO”).
O prestígio de John Z. DeLorean era tão grande nessa época, que ele chegou a ser cotado como presidente da General Motors. Tem quem diga que ele se achava tão bom, que desistiu da GM por não querer botar azeitona na empada de outra empresa. Há quem fale que ele foi demitido e simplesmente inventou essa história de ter desprezado a GM. Seja como for, em 1976 ele já tinha o protótipo do que seria o DMC. E em 1981 a empresa começaria a produzir os automóveis, numa enorme fábrica na Irlanda do Norte (que ofereceu cem milhões de libras para a empresa).
O “sonho impossível” do DeLorean foi contornado com várias ousadias da empresa. O visual com portas de “asa de gaivota” merecia engenharia especial. Isso porque nem os vidros poderiam ser colocados de qualquer maneira, nem a parte superior do automóvel poderia ser tão frágil a ponto de amassar quando as portas se levantassem. O engenheiro responsável pelo carro foi ninguém menos que Colin Chapman, fundador da Lotus.
O problema é que (como acontece até hoje), tinha muita gente reclamando da qualidade dos carros da empresa, fora os preços altíssimos. Para manter o que DeLorean tinha na cabeça como padrão de qualidade, a empresa precisava de investimentos astronômicos. Em janeiro de 1982, havia cerca de 5 mil DMCs nos depósitos da empresa, que não haviam sido vendidos. Um dos primeiros funcionários da firma, entrevistado no vídeo, admite que a fábrica vacilou na construção dos primeiros 2 mil carros. Fizeram um recall, que não adiantou para melhorar muito a imagem da DeLorean.
Em 1982, a DeLorean estava em concordata, e parou a produção. John Z. DeLorean, após tentar conseguir dinheiro com o império britânico (esbarrou na política conservadora de Margaret Thatcher), entrou em crise pessoal e financeira.
Bem pior que isso: em setembro, o chefe da DeLorean foi preso sob a acusação de tráfico internacional de cocaína. John conseguiu se livrar dos problemas jurídicos. Mas não dos financeiros, que se arrastaram até que ele declarasse falência em 1999. Morreu em 2005.
Abaixo, DeLorean fala sobre os golpes que sofreu com o passar dos anos: falência, prisão, casamento desfeito, etc.
O que ajudou o DeLorean DMC 12 a ganhar um status mais pop foi, claro, a franquia De volta para o futuro. E o fato de muita gente querer saber se aquele carro tinha um capacitor de fluxo (usado para viagens no tempo) de verdade. Um pool de empresas começou a se movimentar para o retorno do carro às revendedoras. E aí abriu-se outra janela na história do automóvel. Tá tudo aí no vídeo.
Via Laughing Squid.