Cultura Pop
Quando Debbie Harry quase fez um filme com Robert Fripp, e gravou David Bowie com ele
Quando saiu a estreia epônima do Blondie, em 1977, um ouvinte atento acabou dando uma bela ajuda para a banda. David Bowie escutou o álbum em Berlim, onde morava, e sugeriu a banda para abrir a turnê de “volta” de seu amigo Iggy Pop, na qual Bowie tocaria teclados. Ainda presos a Nova York e vendo com surpresa a fama repentina em Los Angeles, Debbie Harry e seus amigos aceitaram a oferta imediatamente.
No decorrer do trabalho, Bowie dava conselhos à banda, ensinava Debbie como ela deveria se portar no palco e… Ok, o cantor de Ziggy Stardust não estava tão desinteressado assim do lado não-artístico de Debbie. Muito menos Iggy Pop, que ficou realmente interessado em algo mais com a cantora do Blondie e dava em cima dela o tempo todo. Para todos os efeitos, Debbie Harry continuaria casada por muito tempo com Chris Stein, guitarrista do Blondie.
Um amigo de Bowie que se aproximou bastante do Blondie lá por 1978 foi ninguém menos que Robert Fripp, do King Crimson. O guitarrista subiu ao palco com a banda em 12 de novembro daquele ano, no New York Palladium, para tocar com eles Fade away and radiate e, no bis releituras de Heroes (David Bowie), Sister Midnight (Iggy Pop) e Get it on (T. Rex). Olha o set list desse show.
A parceria entre Fripp e o Blondie ainda poderia ter chegado ao cinema. O guitarrista do King Crimson chegou a ter reuniões com Debbie Harry e Chris Stein sobre um projeto da dupla que nunca saiu do papel: um remake de Alphaville, filme de ficção científica de Jean Luc Godard lançado em 1965. Fripp foi testado para o papel do agente secreto Lemmy Caution e Debbie faria a a paixão platônica do policial, Natacha Von Braun. A direção seria de Amos Poe. Mas nada foi feito. O caladão Fripp até abriu a boca sobre o filme em algumas entrevistas, antes de ele ser realizado.
Por causa desse filme, Robert Fripp e Debbie Harry chegaram a fazer uma sessão de fotos para a capa da Melody Maker (olha acima), anunciando a dupla como “uma sensação da tela”. Foi o próprio Chris Stein quem tirou as fotos. E, sim, anos depois o guitarrista do Blondie (e fotógrafo, fez até várias fotos da então esposa) soltou até um filminho do making of das imagens. O mais engraçado é Robert Fripp super-descontraidão entre um clique e outro, e fazendo cara feia quando olha a câmera.
Robert Fripp and Debbie
c 1980 pic.twitter.com/CfuE2VZmRQ— Chris Stein (@chrissteinplays) May 11, 2019
Segundo Debbie Harry, ela e Stein conseguiram até os direitos com Godard para fazer o remake de Alphaville, mas não havia nenhum tipo de apoio para sua realização. Para compensar a não-realização do filme, Fripp convidou Debbie para fazer backing vocals em seu primeiro disco solo, Exposure, que vinha sendo gravado a passos de tartaruga desde 1977 e sairia, finalmente, em junho de 1979. Mais uma vez não deu certo, porque a Chrysalis, gravadora da banda, não liberou a cantora para participar do álbum.
Compensando (de novo) a não-oficialização da parceria Fripp-Blondie, o grupo mandou para as lojas em 1980 uma segunda versão do single de Atomic, em 12 polegadas, contendo Heroes, de David Bowie, gravada ao vivo no Hammersmith Odeon em 12 de janeiro de 1980, com Fripp na guitarra. Esse disco tinha cor azul (!) e chegou a sair no Brasil.
Olha a versão do Blondie para o hit de Bowie aí.
Via DGM Live