Cinema
“Death may be your Santa Claus”, ativismo psicodélico em 1969
“Pobreza faz crescer o desejo de revolução”, diz um dos discursos de uma das pérolas perdidas do cinema marginal britânico dos anos 1960, Death may be your Santa Claus (1969), que alguém jogou no YouTube. O filme é curto, tem legendas e, pelo menos no Brasil, tem sido pouco citado ou lembrado. É a história de um militante do movimento negro e professor, Raymond (Ken Gajadhar), que mora em Londres e convive diariamente com o racismo e com a necessidade de explicar para seus alunos que o lugar de uma pessoa negra é onde ela bem entender.
No filme tem momentos de sexo e violência (opa, é proibido para menores!) e cenas como as de um cara vestido de papa sendo praticamente obrigado a cuidar de uma criança levada por um revolucionário armado. O diretor do filme era um cara conhecido da turma que acompanhava cinema underground: Frankie Dymon, um dos militantes dos Black Panthers que apareciam no filme Sympathy for the devil, de Jean-Luc Godard.
Death may be your Santa Claus, mesmo com todo o aspecto militante, tá mais dentro do cinema hippie e psicodélico dos anos 1960, de obras como Performance, de Donald Cammell e Nicholas Roeg. Até porque a trilha sonora foi feita por uma banda bem obscura do rock progressivo britânico, Second Hand, que aparece tocando no filme, num local chamado “Second Hand Music Shop”.
O grupo lançou três discos e alguns singles. Death may be your Santa Claus, o álbum com a trilha do filme, saiu só em 1971. Já foi reeditado em CD com bônus e está até no Spotify.