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David Peel: a morte do porralouca

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No ano passado, o portal Team Rock fez uma excelente matéria com um sujeito histórico, mas desconhecido para muitos, chamado David Peel. O cantor e compositor morreu nesta quinta (6) aos 73 anos num hospital em Nova York, após uma série de ataques cardíacos.

Para quem manja dos períodos mais revolucionários do rock, ele foi um proto-punk ligado ao folk e à canção de protesto americana. Peel foi também o cara que influenciou diretamente bandas como The Clash. Igualmente, foi o primeiro compositor a tascar a palavra “motherfucker” num título de música. Aliás, também foi o maluco que disse numa letra de canção que o Papa fumava maconha. E por sinal, foi o ser político que pediu a eleição de John Lennon (seu grande amigo) para a presidência dos EUA. Há bem pouco tempo, ele andava em plena atividade, fazendo shows pró-descriminação da maconha, apresentando-se em ocupações, etc.

Olha aí seis grandes momentos dele. Se você nunca ouviu ou mesmo nunca ouviu falar de David Peel, ótima oportunidade para conhecê-lo.

“I LIKE MARIJUANA”. Acompanhado pela banda Lower East Side e bem mais próximo da doçura do folk e da corrosão do comedy rock (e dos grandes contos em forma de música que artistas como Arlo Guthrie compunham) do que do “revolucionário” MC5, Peel foi contratado pela Elektra e gravou seu primeiro disco “ao vivo nas ruas de Nova York”. A gravadora não viu problema no fato do disco se chamar “Have a marijuana”, ter uma plantação da erva num detalhe da capa… e não veria problema numa alegre canção chamada “I like marijuana”.

“MOTHER, WHERE IS MY FATHER?”. Outra do primeiro disco. Peel, que havia escapado de ir para o Vietnã por já ter servido o exército, criou seu próprio cântico anti-guerra, bem no olho do furacão.

“I WANT TO KILL YOU”. O segundo disco de David Peel e Lower East Side saiu em 1970, gravado num estúdio de verdade, com produção bacana e som bem mais pesado – e violento. “I want to kill you” é um baita soul de garagem, com sirenes de polícia e tiros na metade da música, avisando que não chovia bala só no Vietnã. “Temos que mudar omundo antes da aniquilação (…)/ Quero matar sua mãe/e quero matar sua mulher/quero matar seu pai/e vou tirar a vida do seu filho”.

“THE POPE SMOKES DOPE”. Chapa de John Lennon, David Peel encontraria abrigo entre os malucos da Apple, e lançaria por lá o terceiro disco, “The Pope smokes dope” (1972). O disco foi gravado no estúdio Record Plant mas a capa dizia que havia sido registrado “pelas ruas do Vaticano” (!). A letra da faixa-título: “O papa fuma maconha/Deus deu a ele a erva (…)/Deus está doidão de mescalina/Satã, de heroína/O Papa em Roma fica doidão de maconha/Os freaks de Jesus estão de volta/Jesus Cristo, um super hippie, não vira junkie”.

“F… IS NOT A DIRTY WORD”. “‘Foda’ não é uma palavra suja, cara/É isso aí, ‘foda’ não é uma palavra suja”, diz Peel, entre aplausos. A dissertação do cantor sobre a palavra “fuck”, repetida várias vezes durante a faixa (toda falada) foi publicada em “The Pope smokes dope” e chegou a sair em single. Outros trechos: “Podemos usar a palavra como verbo transitivo: João fodeu Maria/Ou intransitivo: Maria foi fodida por João/Ou como adjetivo: Maria é ‘fucking beautiful'”. É pra agredir.

“WHO KILLED BRIAN?”. Peel foi passando por outros selos. Em seguida, virou independente de vez e ser absorvido, a seu modo, pelo punk rock. Em 1978, gravou o álbum “The king of punk”. Por sinal, essa canção, quilométrica (onze minutos), abordava a morte do fundador dos Rolling Stones, Brian Jones. “Tenho uma suspeita de que, dadas a música e personalidade de Brian, era difícil para ele lidar com os Stones como uma banda”, conta.

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