Crítica

Ouvimos: Congadar – “Aprendi com meus antepassados”

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RESENHA: Congadar, de Sete Lagoas (MG), une congado, samba, rock pesado e afrofuturismo no álbum Aprendi com meus antepassados, um disco forte e cheio de ancestralidade.

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Este é um dos discos mais bonitos lançados em 2025. O Congadar, que vem de Sete Lagoas (MG), une congado mineiro, afrofuturismo, samba e rock, em doses iguais. Aprendi com meus antepassados, terceiro álbum do grupo, abre louvando a ancestralidade em Dá licença, e prossegue fazendo uma inimaginável união de Tincoãs e Soundgarden, nos vocais bem cuidados e nos riffs pesados da saudação Risca ponto. Também explora a união de ijexá e rock em Semente raiz – com som esfumaçado e esparso o suficiente para que vocais e batidas ganhem bastante espaço ao lado dos riffs de guitarra.

O material de Aprendi com meus antepassados é predominantemente autoral. Três regravações feitas pelo grupo ganham cara própria e misturas que dão identidade às versões. Promessa ao Gantois (Tincoãs) é a menos “elétrica” delas, investindo em sons marítimos e baianos, e ganhando a participação de Teresa Cristina. Preparado da vovó, co-escrita e popularizada por Jovelina Pérola Negra, une samba, batuques de terreiro, rock e blues. Oxalá, de Ildázio Tavares e Luiz Berimbau (gravada originalmente por Eloah no clássico álbum Os orixás, lançado pela Som Livre em 1978), transforma-se num rock-blues que poderia ter sido escrito por Gilberto Gil.

Entre as demais autorais de Aprendi com meus antepassados, destaque para a beleza puríssima do rock-ciranda Dança pra Oyá. Mas o Congadar ainda insere elementos de Hey Joe (popularizada por Jimi Hendrix) no rock-reggae Legado Orum, faz grunge de terreiro em Fundido chão e lança um samba-blues-rock para Obaluaê em Senhor Xaxará. Um disco que moderniza o passado e aponta para o futuro.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Independente
Lançamento: 18 de julho de 2025

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