Crítica
Ouvimos: Colibri – “3R [pt. II]”
RESENHA: Colibri amplia sua trilogia com mais art rock, pós-punk, rap e jazz, num disco que ecoa Bowie, Pink Floyd, Peter Gabriel e T. Rex, sem rótulos fáceis.
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O segundo álbum da banda baiana Colibri continua a trilogia iniciada no álbum 3R [pt. I], partindo para aventuras bem mais art rock que no disco anterior. O álbum anterior começava com os 14 minutos de The roadhouse pt.1, uma viagem meio psicodélica, meio pós-punk, que lembrava às vezes as bandas britânicas dos anos 1980, às vezes um rock progressivo com desleixo estudado. A The roadhouse pt II, que abre o novo disco, é menor (pouco mais de seis minutos), une post rock e rap – com as participações de Galfão e Ralf AC – e acrescenta partículas do David Bowie de Station to station (1975) em meio à sonoridade.
Essa estética musical, que chega a apontar para os improvisos do jazz, ganha mais espaço no disco em Cuban coffee, igualmente com clima Bowie, e que ganha um saxofone que faz lembrar o clima que “baixa” no final de Rip off, do T. Rex (encerramento do disco Electric warrior, de 1971). Out of grrrasp tem clima ambient, com percussões e vibração pós-disco, e vocais que têm algo de Peter Gabriel. Boca que quis cresce numa onda pós-punk que tem algo do Television.
Na parte II de 3R, o Colibri inclui também micropontos do Pink Floyd da época de Meddle (1971), no folk de progressões de Soteropolis nocturna e Rosto sem nome. Em meio a letras que tentam colocar no papel sentimentos e lembranças de forma bem abstrata, o Colibri faz o possível para atualizar uma sonoridade que tem a ver com as bandas dos anos 1970 que recusavam-se a cair no rótulo de “progressivas”.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 21 de março de 2025