Cultura Pop

Charly García documentado em 2002

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O cantor e compositor argentino Charly García tocava Chopin ao piano quando criança – no entendimento dele, o compositor clássico era “como Mick Jagger”. Já podia se dizer professor de música aos doze anos de idade, graças à competência que apresentava no instrumento desde bem pequeno. Sua primeira banda de sucesso, a pop-progressiva Sui Generis, já praticamente estreou se apresentando num grande festival na Argentina. E foi pioneira na produção de filmes de rock: o concerto de despedida do grupo, dado em 1975 no Luna Park (para o qual um nervosíssino Charly se preparou fumando mais de 20 baseados), rendeu um LP ao vivo e um filme, ambos chamados Adios Sui Generis.

Charly nunca foi um dos sujeitos mais estáveis da história da música. Mudou a sonoridade do Sui Generis quando ficou entediado do clima folk das primeiras composições do grupo. Saiu da banda quando quis (o que ocasionou o fim). Nos anos 1970, no meio da sangrenta ditadura argentina, falava de temas comportamentais e políticos mesmo nos momentos mais progressivos de suas bandas – tanto no Sui Generis quanto em suas bandas seguintes, La Maquina de Hacer Pájaros e Serú Giran. Sua vida amorosa seguiu o mesmo caminho, com um casamento terminado pouco depois de começar e um relacionamento com uma bailarina brasileira, Zoca – namoro este que, iniciado numa época de pindaíba e perseguição na Argentina, trouxe Charly para viver uma vida naturista em Búzios (RJ).

Essas e outras histórias você encontra num documentário sobre Charly que jogaram há dois anos no YouTube. El karma de vivir al sur foi dirigido por Alex Pels em 2002, e pode ser visto até em algumas plataformas, mas tem uma versão pirataça (com qualidade meia-boca de imagem) no site de vídeos, tirada de uma exibição no canal People & Arts. Os lados extra-musicais de Charly também estão lá, incluindo os momentos mais alucinados do cantor, altamente explorados pela imprensa musical argentina (recortes mostram matérias como “sexo, rock e escândalos”, “Charly novamente em problemas”), com amigos afirmando que tanto o cantor alimentou esse lado selvagem, quanto a imprensa local ajudou a propagar sua imagem como a de uma espécie de Jim Morrison local.

O período de dez anos antes do documentário foi marcado por drogas, uma volta do Serú Giran (em 1992), uma aproximação com ninguém menos que Maradona, um acústico MTV e até um disco com Mercedes Sosa (Alta fidelidade), além de um disco “maldito” (Say no more, 1996). 2002 por acaso foi o ano de um disco novo, Influencia, que tinha até versão em espanhol de Todd Rundgren (a faixa-título, Influenza no original).

E o documentário tá aí.

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