Crítica
Ouvimos: Calvin Voichicoski e Pelocurto – “Bodoque”
RESENHA: Calvin Voichicoski e Pelocurto unem psicodelia, rock 60s e brasilidades em Bodoque, disco que soa como um delírio sonoro multicolorido.
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Unindo o cantautor e produtor Calvin Voichicoski à banda paulista Pelocurto, Bodoque é um daqueles discos que parecem vir de um delírio sonoro, no melhor dos sentidos. O som varia entre vários lados diferentes, tudo balizado pela psicodelia e por um entendimento progressivo da música – ainda que o som não seja necessariamente “progressivo”.
E.M.T./Domingo, a faixa dupla que abre o álbum, até engana começando numa onda meio pós-punk meio Strokes, para depois embarcar numa onda blues rock e pós-tropicalista. (No rehearsing) for hearses leva uma cara oitentista ao disco, com emanações do Ultravox dos primeiros tempos. Faixas que unem beats brasileiros e indie rock, como o samba-rock Arena, a bossa-rock Rebordoque e a quase jazzística Cemitério de orelhões, também são comuns em Bodoque.
Mas a parada de Calvin e do Pelocurto é mesmo na esquina entre os anos 1960 e o que veio imediatamente depois, com direito a referências de bandas recentes que dão outros sons e texturas à música da época. Esse som se espalha por todo o álbum e domina faixas como This pain (Tastes like outside), que tem filiação sonora entre Kinks, Beatles e Tame Impala. Ou o country floydiano de Submarine man e Ipiranga heights. Há psicodelia de garagem em YEAYEAYEAYEAYEAYEAYEAH e Um alvo tenro e lembranças de In another land (Rolling Stones) em Nada de ideias fora das coisas. No final, distorções e viagens sonoras em O vento nos caniços, música de quase dez minutos.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 21 de agosto de 2025.