Crítica

Ouvimos: Burna Boy – “No sign of weakness”

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RESENHA: Oitavo disco de Burna Boy, No sign of weakness mistura afropop, trap, country e reggaeton com ousadia e bom flow, mas tropeça na regularidade musical.

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Você já passou por tudo nessa vida? O astro nigeriano Burna Boy passou, e não parece disposto a deixar ninguém esquecer disso a cada álbum que lança. No sign of weakness (“sem nenhum sinal de fraqueza”), seu oitavo álbum, mostra isso no título, nas letras, nas músicas e até na ousadia dos convidados. Para começar, Burna se juntou com o astro country Shaboozey e, em Change your mind, apresentam uma mescla de pop latino, afropop e country, com violões conduzindo a melodia.

Empty chair acrescenta Mick Jagger à lista de convivas, e a música chega a lembrar em alguns momentos as canções mais recentes dos Rolling Stones – ganhando depois ares de reggaeton e trap, claro. Nesse caso, tem algo estranho: Mick parece quase uma voz obtida por IA, como se algo não casasse (claro que não foi assim, inclusive o próprio Mick postou um vídeo nas redes sociais dizendo que se orgulha muito do encontro com Burna).

Mesmo com o não-casório das vozes, mais um território conquistado por Burna Boy, que em No sign of weakness usa seu vocal rápido a serviço de uniões com funk carioca (Tatata, com Travis Scott, é quase o equivalente próprio de Burna para Tá tranquilo, tá favorável, do MC Bin Laden), batidões hispânicos (Come gimme), house latino (Kabiyesi, Bundle by bundle), reggae (Sweet love).

Há também conselhos para os amigos no reggaeton Love, com versos como “não viva sua vida para impressionar ninguém / porque algumas pessoas são piores que Satanás”, “concentre-se no seu pão com manteiga, uh / alimente seus filhos e filhas / certifique-se de que sua mãe não sofra”, além do inacreditável “então foda-se o mundo, com uma camisinha gigante”. E uma homenagem à maconha em forma de reggaeton, a animadinha 28 grams. Além da pregação de vencedor no trap Born winner, que encerra o álbum.

No sign of weakness não é um disco que prima pela regularidade, vamos dizer assim. Há vários momentos em que Burna Boy e sua turma são flagrados tirando nota oito em storytelling e nota 5 em composição, design musical e coisas do tipo. Mesmo os assuntos variam um pouco menos que o comum num álbum de Burna. Quando a coisa engrena, engrena de verdade, para alegria dos/das fãs.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Spaceship / Bad Habit / Atlantic
Lançamento: 10 de julho de 2025

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