Crítica

Ouvimos: Buddy Guy – “Ain’t done with the blues”

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RESENHA: Buddy Guy, 89, segue vivo e afiado em Ain’t done with the blues, disco longo, vibrante e cheio de convidados de peso.

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“É como falar do Gato de Botas e ter o próprio Gato para contar a história!”, disse um amigo quando leu a biografia de um artista histórico, que está vivo e colaborou com o livro. O mesmo se aplica a ter o bluesman Buddy Guy, 89 anos, vivo, ativo, gravando e excursionando. Ain’t done with the blues, seu novo álbum, foi construído em torno da noção de que um álbum de Guy não poderia ser, a essa altura, um simples programa de música: teria que manter algum compromisso com a história do estilo e sua perpetuação.

Ain’t done é um disco não-autoral: a maior parte do material foi composto por Tom Hambridge e Richard Fleming, com poucas contribuições do solista, além de algumas vinhetas inspiradas por John Lee Hooker e Lightnin’ Hopkins (respectivamente, Hooker thing e One from Lightnin’). De qualquer maneira, Hambridge, produtor ativíssimo no disco, convocou uma turma boa para trabalhar com Buddy: Peter Frampton põe vocais e decibéis em It keeps me young, Joe Walsh manda bala na guitarra em How blues is that, o bluesman jovem Christone “Kingfish” Ingram brilha na dançante Where U at, vai por aí.

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Fãs radicais de blues talvez impliquem com o soul rock adulto de Been there done that – uma das melhores do disco, vale dizer. A longuíssima duração (mais de uma hora), por sua vez, já entrega o disco de Buddy Guy no colo de uma geração que tem tempo, paciência e sensibilidade. Até mesmo para entender a ordem-unida gospel de Jesus loves the sinner (“Jesus ama o pecador / mas odeia o pecado”), com a bela participação dos Blind Boys Of Alabama – o blues gospel de Dry stick, com Joe Bonamassa, talvez soe mais arejado.

Na segunda metade do disco, destaca-se muito o clima sombrio de I don’t forget, blues que se movimenta como um cobra, e cuja letra avisa que Buddy jamais vai esquecer as maldades feitas com o povo preto. E o boogie pantaneiro de Trick bag e Swamp poker, que vêm na sequência.

Texto: Ricardo Schott.

Nota: 9
Gravadora: Silvertone/RCA
Lançamento: 30 de julho de 2025.

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