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Black Rose: a banda de rock da Cher

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Musicalmente, parecia não haver nada mais fora de esquadro do que Cher (uma das damas do pop norte-americano, eternamente preocupada com aparência e a jovialidade) e Gregg Allman (um dos nomões do rock sulista, drogado até a medula, homem-problema milenar, morto em 2017). Só que os dois formaram um casal que durou três anos e, para o espanto de fãs de ambas as partes, ainda rendeu um disco: Two the hard way, de 1977, creditado a nada menos que… Allman and Woman. A gente falou desse disco aqui.

Dá para dizer que foi o comecinho de uma fase rocker de Cher, cantora mais associada ao pop. Mas a tal fase roqueira dela ainda demoraria um pouco para chegar porque em 1979, ela decidiu cair dentro da disco music, num disco chamado Take me home. Na época, ela já estava separada de Allman, andava namorando com Gene Simmons, do Kiss, e estava contratada pela gravadora da banda mascarada, a Casablanca Records.

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O disco representou a volta de Cher para as paradas, já que ele havia gravado vários álbuns sem muita repercussão pela Warner alguns anos antes. O irônico é que ela – que não havia curtido muito a ideia de gravar disco music – apareceu na capa do álbum com um visual de deusa viking que a colocava mais próxima do imaginário do heavy metal, do que dos sons dançantes. Já em 1979, saiu Prisioner, disco mais enrockado, e com Cher posando (vá lá) de musa BDSM na capa.

Em 1979, Cher estava de namorado novo, o guitarrista Led Dudek, que tocara com nomes como Boz Scaggs, The Steve Miller Band e Stevie Nicks. E foi com ele que a cantora embarcou numa viagem meio louca, que representou seu último disco pela Casablanca. Quem comprava o disco epônimo da banda Black Rose (1980), que fazia um rock mais pro pop, só descobria que se tratava da nova aventura de Cher quando olhava as fotos internas e os créditos.

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O Black Rose surgiu numa época bem lucrativa para Cher, que estava recebendo US$ 300.000 por semana para fazer shows em Las Vegas. Apesar da imagem de banda de rock, o esquema era mais próximo do star system do qual a cantora vinha. Warrem Ham, outro dos integrantes da banda (apresentada como septeto) tocara com Toto, Kansas, Olivia Newton-John e Donna Summer.

O produtor era James Newton Howard, autor de várias trilhas de filmes. Só uma das faixas, You know it, era de Dudek. O restante do repertório era dividido entre nomões da composição, como Vince Poncia, Bernie Taupin, Mike Chapman, Carole Bayer Sager e vários outros.

Olha aí Cher dando uma de Joan Jett à frente do Black Rose, com Julie.

A turma no Midnight special, com Never should’ve started. Parece pra burro com Queen.

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Cher no programa de Tom Snyder em 1980 respondendo sobre o grupo novo, mudanças na carreira, decadência, retornos, o curtíssimo casamento com Gregg Allman e as expectativas dos fãs. Ela também faz questão de informar que está bastante tímida com o novo passo na carreira. Talvez não tenha sido uma boa ideia dizer isso.

Para divulgar o disco. Cher e sua gangue fizeram uma turnê de seis datas abrindo para Hall & Oates, pelos Estados Unidos. Mas não deu certo: o disco passou em branco. Um texto do Saturday Evening Post observa que possivelmente o álbum do Black Rose sofreu com o fato de as rádios em 1980 estarem mais abertas a baladas. Isso porque as emissoras especializadas em rock jamais tocariam a fase “roqueira” de Cher.

“Os críticos não atacaram o álbum. Eles me atacaram. Foi tipo: como Cher ousa cantar rock & roll?'”, afirmou a cantora à Rolling Stone na época. Seja como for, o Black Rose terminou antes que pudesse gravar um segundo disco, e o namoro com o guitarrista também naufragou. Mas Cher ainda insistiu um tempo como roqueira de FM, gravando discos como I paralyze (1982) e o bem sucedido Cher (1987, com músicas de Michael Bolton, Desmond Child e Jon Bon Jovi).

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