Cultura Pop
As duas despedidas de David Bowie: em Ziggy Stardust e Lazarus
O canal Polyphonic fez um vídeo bem interessante mostrando que David Bowie, de maneira extremamente conceitual, fez duas grandes despedidas de seus fãs. Ele “matou” o personagem Ziggy Stardust em 1973 (durante um show no qual afirmou que “este não será o último show da turnê, mas também o último que farei”) e quando morreu de verdade ao fazer o disco Blackstar e o clipe de Lazarus, em 2016.
Bowie teve, na verdade, inúmeras outras despedidas – até porque adotou vários personagens ao longo da carreira. Mas acabou marcando os fãs mesmo, no comecinho, com a obsolescência programada de Ziggy, que falava sobre seus últimos momentos na canção Rock and roll suicide, do álbum The rise and fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars (1972).
Na letra, o personagem se despedia, dava conselhos aos fãs (“não deixe o sol explodir sua sombra”) e terminava explicando ao ouvinte que, seja lá quem ele fosse ou o que tivesse vivido até hoje, ele não estava sozinho. O canal acha semelhanças (gritantes) entre a canção e o clássico You’ll never walk alone, um tema de musical gravado por meio mundo (e que, nos anos 1960, tinha voltado às paradas por intermédio de uma versão de Gerry & The Pacemakers, banda de Liverpool). Também vê muito de Jacques Brel, um dos ídolos de Bowie, na estrutura da música.
Em 3 de julho de 1973, Bowie resolveu pegar todo mundo de surpresa no fim da tour de The rise and fall. Fez o tal aviso durante o show no Hammersmith Odeon, em 3 de julho, de que seria seu último show. O guitarrista Mick Ronson era uma das raras pessoas no círculo do cantor que sabiam que Bowie “mataria” Ziggy naquela noite. Mas não fazia a mínima ideia dessa brincadeira de “último show que eu farei” e ficou bastante amedrontado com a possibilidade de ter que procurar outro emprego no dia seguinte (Bowie estava só vestindo com afinco a camisa do personagem, claro). Olha aí a despedida e a reação do público.
Em Lazarus, a música, Bowie já adota um discurso parecido, e fala de si próprio como se já estivesse morto – dando pistas e mensagens esperançosas a seus fãs. Fala também, de certa forma, das reinvenções pelas quais passou ao longo de sua carreira. E avisa que, naquele momento, quer ser apenas livre. Confira aí o vídeo.
Via Open Culture