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Cultura Pop
Aquele fim de noite da Globo que dava medo
O livro 15 anos de história, com vários autores (e que comemorava nada menos que os 15 anos do Jornal Nacional, em 1984) lembra que uma das bandeiras de ninguém menos que Hans Donner – responsável por ajudar a mudar o visual da Rede Globo nos anos 1970 – foi “profundidade”. O designer austríaco, quando viu os primeiros cenários do programa, chegou a se espantar, já que um de seus ideais era o trabalho em três dimensões, e tudo ali era em preto e branco e meio chapado – o mesmo acontecendo com as primeiras aberturas da emissora carioca.
Também austríaco, Rudi Böhm tinha conhecido Donner em Viena e logo virou diretor de arte na Globo, com a função inicial de animar as criações do amigo (parte dessa história tá aqui, numa matéria publicada há alguns meses pelo POP FANTASMA). Rudi acabou responsável pela criação das “chamadas, pré-censuras, vinhetas, inter-programas e aberturas para séries de TV” da emissora, indo de criações hoje simples como a abertura da hoje esquecida novela Bravo (1975), que basicamente trazia um maestro regendo e várias letrinhas. E chegando até criações um pouco mais complexas como a animação de toda a identidade visual da Globo após a mudança de logotipo de 1976.
ÚLTIMO TIPO
Foi graças ao trabalho de Rudi e de Hans, e de uma câmera de animação tipo Oxberry (que a Globo alugava e Rudi operava), que a emissora fez todas as suas vinhetas dos anos 1970. Nessa época, o “padrão Globo de qualidade” incluía mão de obra importada (daí os vienenses Hans e Rudi), equipamento de última geração e criação de uma identidade visual fortíssima, praticamente impossível de ser igualada por outras emissoras nacionais naquele período.
E uma das criações do departamento de design em movimento foi a vinheta do “até amanhã” da Globo de 1979, que marcou muita gente. Mas também deixou uma galera aí sem dormir.
Essa vinheta foi ao ar por volta de 1979, entra e sai do YouTube desde quando o YouTube foi colocado na internet e volta e meia faz uma turma aí publicar mensagens com lembranças aterrorizantes da infância (“sei lá, esse visual todo sombrio”, “esse coral de gente morta dando ‘até amanhã’, etc”). O sambinha do final inclui possíveis referências de Até amanhã, samba de Noel Rosa. E se bobear, Bezerra da Silva estava tocando todos os instrumentos de percussão – já que ele trabalhava na orquestra da Globo naquela época.
Aliás, essa vinheta marcou e marca tanta gente que teve até um cara fazendo uma remontagem dela, incluindo um grafismo totalmente psicodélico para a programação do dia seguinte da Globo. Ficou legal apesar do cara ter confundido as novelas Nina (1977) e Gina (1978).
Com infos de TV História.
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